Caminhar BVIW
Nas mudanças de estação, a gente vê bando de aves cortando os céus, em busca de um lugar onde a primavera ainda exista em algum lugar. Nesse mundo de tantas voltas, voar mais perto do sol só é possível para aqueles que têm asas ou coragem de correr atrás de seus sonhos. Assim como nossos filhos, quando crescem. Fico pensando na nossa missão de pais, procurando tornar os caminhos mais seguros e bonitos para a caminhada deles. Esquecemo-nos de nós, guardamos nossos sonhos nas gavetas, ficamos esperando que eles cresçam para poder assumir os prazeres que abandonamos lá fora para nos concentrarmos apenas nos deles. E nos apropriamos de seus sonhos, que passam a ser também nossos e passamos compartilhar a luta. Nossos sorrisos passam a ser reflexos dos sorrisos deles. Se choram uma lágrima macia, nós a sentimos cortante, perfurando bem fundo a nossa alma. Sentimo-nos jovens convivendo com as suas fases inevitáveis, com os ritmos loucos e ídolos estranhos, despertando nossos medos quando começam a colocar as asas de fora para as primeiras baladas, as primeiras saídas com o carro, que nos deixam noites sem dormir esperando a volta. E quando conquistam o tão sonhado passaporte da faculdade para o ingresso no mercado de trabalho, deliramos de orgulho! Mas quando penso nos pais que se eternizam nas conquistas de seus filhos, não deixo de pensar naqueles que se entrincheiram no sofrimento quando algum deles segue por caminhos tortos. A vida é assim, oferece caminhos e atalhos, e aos pais cabe orientar o rumo, já que não podemos caminhar por eles. E caminhar sorrindo ou chorando não é só destino, é aprendizado que fazemos de mão dupla e pulso forte, sendo presença ou sombra, mas sempre lá. E eles vão... que saibam contornar as curvas do caminho e que escolham sempre o destino certo, mesmo que as nossas mãos e o nosso olhar não estejam por perto...