O IRADO PERDE O DECORO - Por Lea Bougleux

Ultimamente tenho andado observando como tem crescido a ira numa sociedade doente, carecendo de maior observância. Caso de saúde pública. A ira é uma terrível paixão, mais perigosa, mais destruidora, cujo desejo de destruição chega a extremos.

O irado sente um desejo imenso de ver o outro sofrer, alegra-se com suplícios, com desmedida tortura, quanto maior a tortura mais ele se regozija. Não importa com justiça pois a desconhece. Não lhe importa quem é o punido. Não se interessa pelas consequências de seus atos. Se afeta outros, melhor ainda. Quanto maior o sofrimento melhor.

Não sou psiquiatra, mas vejo a ira no olhar de pessoas que inflam seus olhos vermelho, denotando imediatamente um olhar demoníaco, uma irritabilidade desmedida, uma fala de ódio, de destruição. Penso ser um psicopata pois são destituídos se qualquer sentimento de empatia, são verdadeiros animais. Desculpem-me os animais pois eles não agem assim.

A ira só existe no ser humano. Somente ao homem foi dada a razão. A raiva, sentimento considerado normal, é despertada quando somos agredidos física ou moralmente. A raiva cultivada, elaborada com crueldade e executada com requintes cruéis tona-se em ira. Esta, sim é destruidora.

As feras enraivecem mesmo sem terem sido instigadas. É o instinto, defesa da sua prole e ou pela sua sobrevivência. A fera não deseja castigar e fazer o outro sofrer, enquanto o homem faz isso e deseja acabar com quem diverge de seus pensamentos ou usou palavras que ele não gosta de ouvir. Qualquer atitude enfurece o irado e este é capaz de qualquer coisa para acabar com o seu desafeto, melhor, com qualquer um, até um desconhecido.

Infelizmente a nossa sociedade está contaminada pelo ódio, tudo é motivo para colocar um contra o outro, acabou o respeito, ninguém presta, só o irado é “bom”, (na cabeça dele). Os que fazem parte do seu grupo, podem ser trabalhados psicologicamente para acharem certo esse comportamento.

O pensamento gera sentimento. O sentimento é acolhido pelo ego e esse, para quem não faz uso da razão, está prontinho para agir com ódio, repulsa, chegando à ira, cometendo atrocidades.

O irado não pode ser contrariado, dita a última palavra: destruição. Para quem carrega a ira qualquer motivo é motivo para acabar com quem ele achar que deve. Ver o sofrimento, impingir o castigo sem motivo. Para o irado não precisa motivo, seu desejo e execução da destruição lhe dá prazer.

O homem carrega dentro de si o BEM e o MAL vence o que for alimentado.

Estamos vivendo num mundo onde perdeu-se a noção de direito e dever, de respeito e ordem, onde a vida deixa de ter valor. O mal está tendo uma força descomunal.

Inverteu-se: o certo virou errado. A ética perdeu seu valor. Valores que norteiam-me, dizem que está ultrapassado. Triste realidade!

Léa Bougleux

ESCRITORES E CIA
Enviado por ESCRITORES E CIA em 11/10/2024
Código do texto: T8170931
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