O Julgamento Invisível

A bebida era o como um alivio queimando a garganta, aquecendo o peito. E ainda assim, nada mudava.

As críticas vinham de todos os lados. Eram amigos preocupados, familiares, até desconhecidos lançando olhares de julgamento velado. “Ele está se destruindo”, diziam. Porque, no fundo, não me importava com o que diziam. Queria gritar para o mundo: “Como podem me julgar por buscar anestesia para os males? Como podem dizer que vivo errado .Tantas tentativas fracassadas de preencher um vazio que ninguém conseguia enxergar. Porque a solidão, essa solidão que afoga, era invisível para quem olhava de fora.

E então, percebia a ironia cruel da vida: aqueles que o acusavam eram rápidos em apontar o dedo, na verdade, eles eram o próprio peso, a dor disfarçada de preocupação.

Não era errado. Não havia certo ou errado quando o objetivo era sobreviver. E se precisasse de bebida, então que fosse. Porque no fim das contas, o que fazia não era diferente do que todos faziam — tentava esquecer, da forma como sabia, da única maneira que o fazia sentir menos.

E assim, anestesiado, continuo . Não por escolha, mas por necessidade. Afinal, como podem falar mal dos seus vícios, se era com eles que sobrevivia ao que o mundo me fez