Aquecimento Global
Tá quente, sim. Não há como dar uma de Donald Trump e seus lunáticos correligionários e fingir que a chapa não tá esquentando. Não dá pra pisar na calçada sem chinelos. Nem mesmo no inverno. E ligar o ar condicionado (pra quem pode) também não resolve, enquanto aumenta a temperatura ambiente externa do seu entorno e acaba por alimentar o ciclo vicioso.
É impossível negar a parte que nos cabelos nesse estado de coisas. Como parte de uma sociedade de consumo, somos incentivados a atitudes cada vez mais inconsequentes e egoístas, como entulhar o planeta de plástico, pneus, ou chamar um UBER até para ir ao banheiro.
Alguém acena com uma novidade tecnológica e lá vamos nós contribuir para o descarte. Aparentemente os governos mundiais não têm espaço de manobra para conter o avanço da destruição: numa espécie de "efeito dominó" menos consumo redundaria numa economia menos pungente, enfraquecimento da indústria, do comércio, da produção, da geração do PIB e da arrecadação. Fenômeno suportado apenas pelos países que se tornaram ricos antes desse tipo de consciência.
Por outro lado, quem ficou brincando de imitar americano, gastando dinheiro com penduricalhos parlamentares, deixando de investir em educação ou negligenciando suas riquezas naturais, pode se ver em palpos de aranha num futuro não muito distante. Aliás, quem imaginaria que o futuro caótico tão alardeado por ambientalistas estaria tão próximo como temos constatado?
Bem ao estilo do (excelente) "Não Olhe Pra Cima", vamos negando as evidências e, pior, nos negando a mudar hábitos e abrir mão de "facilidades" que - de maneira ilusória - apenas nos privam de nosso mais essencial tesouro: um planeta limpo, rico e provedor.
Seguindo o exemplo das abelhas ou das formigas, laboriosamente precisaríamos deixar de esperar pelos governantes e nos unir em pequenas ações que realmente fariam diferença (no cômputo geral) para o mundo: avaliar nossa postura, nossas ações e desejar menos, consumir menos (a indústria da moda é uma das atividades humanas mais poluentes) descartar menos, reciclar mais, reaproveitar mais e finalmente entender que somos interdependentes de um complexo sistema (pesquise sobre "efeito borboleta") que se encontra doente em um estado de desequilíbrio quase irreversível. Os mais otimistas aludem à reciclagem ou às chamadas energias limpas para justificar a necessidade da produção e do consumo no ritmo que experimentamos hoje; mas, não se iluda: examinando de perto e sem medo da verdade, TODA ação (ou intervenção) humana é danosa ao planeta. Usinas eólicas, carros elétricos, produção de energia a partir da queima do lixo... Nenhuma dessas "soluções" se mostra mais verdadeiramente eficaz do que uma expressiva, urgente, honesta e engajada redução do consumo. Não por indivíduos que concordem em trincar os dentes submetendo-se a cruéis privações de consumo, mas por seres humanos conscientes e felizes de terem para si apenas o que lhes basta. Pensemos nisto.