Manoel do Congo e Dragão do Mar: Desconhecidas Vozes Contra a Escravidão
Na época do Brasil imperial, onde a exploração era a norma, as chicotadas em lombos negros eram diárias, surgiram pessoas que se tornariam símbolos da luta por justiça em prol daqueles que eram oprimidos. Manoel do Congo e Dragão do Mar, cada um em seu contexto histórico, levantaram-se contra as correntes da escravidão. Vozes em prol da luta por cidadania no país que infelizmente é pouco conhecida pela sociedade. Então é interessante falar sobre os dois para diminuir o fosso da nossa memória coletiva.
No ano de 1838, nas fazendas do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, a brutalidade da escravidão atingiu seu ápice com o assassinato de Camilo Sapateiro, um escravo que ousou desafiar as correntes dos homens brancos. Indignados, os negros não livres, liderados pelo ferreiro Manoel do Congo, decidiram que não suportariam mais as injustiças. A promessa não cumprida de justiça pelo senhor das terras foi a faísca que incendiou a revolta.
Manoel do Congo, com cerca de 200 escravos, na região do Rio de Janeiro, fugiu para as matas, onde começaram a formar um quilombo. Armados com ferramentas e armas saqueadas, eles sonhavam com uma vida de liberdade e dignidade. No entanto, a repressão não tardou. As forças militares capturaram a maioria dos rebeldes. Ele foi condenado à morte por enforcamento.
Décadas depois, no Ceará, outro herói emergiu das águas do porto de Fortaleza. Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar, liderou uma greve histórica em 1881. Os jangadeiros, cansados de transportar escravos para outras províncias, cruzaram os braços e pararam o porto. A ação foi um golpe significativo contra o sistema escravocrata, contribuindo para a abolição da escravidão no Ceará em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea.
Dragão do Mar e Manoel do Congo, com suas atitudes mostraram que a resistência organizada dos trabalhadores pode desafiar e derrubar sistemas opressivos. Suas lutas foram exemplos claros de como a união e a solidariedade entre os oprimidos podem levar a conquistas significativas. O povo brasileiro, quando consciente, leva a luta de classes em sua forma mais pura: os oprimidos se levantando contra os opressores, buscando não apenas a liberdade individual, mas a transformação de toda a sociedade.
20.09.2024