A Classe Trabalhadora Respirando Fumaça e Cinzas

Mais uma segunda-feira, e a classe trabalhadora se levanta da cama. Acorda, toma café rapidamente, banha e pega um ônibus lotado. Como se fosse um novo escravo, agora assalariado, em um coletivo que se assemelha a um navio negreiro. Vai trabalhar de manhã, de tarde, mais de 30 horas por semana, para pagar caras contas e repetir esse ciclo o ano inteiro.

Agora, há um malefício a mais em sua vida: o céu cinza, o sol alaranjado, frutos das queimadas contínuas do agronegócio. O desastre ecológico não é mais assunto de especialistas ou documentários; é cotidiano, parte do dia a dia e da má respiração da classe trabalhadora. Ela, que agora tosse e respira mal, desenvolve problemas respiratórios, sofre com a cobiça do agronegócio por pastos para gados.

Parte desse grupo, a bendita classe média, se acha capitalista, mas não tem mais do que o próprio suor do trabalho explorado pela mais-valia para manter sua renda. Está longe de ser capitalista, não é porque tem formação universitária que se tornou dona dos meios de produção. Outra parte fica nas redes sociais com discursos toscos de liberalismo, fazendo elogios vergonhosos a bilionários, tornando-se presa fácil das ideias dominantes que o explora.

Há ainda quem ache que encontrou um cristal mágico que traz soluções econômicas, baseado em discursos toscos e charlatanismos sobre cura quântica, reprogramação de DNA, constelação familiar, etc. Os coaches, charlatães hegemônicos no momento, exploram de várias formas os trabalhadores. Enquanto essas ilusões liberais e meritocráticas iludem a classe trabalhadora, ela continua respirando mal todos os dias.

O agronegócio queima quilômetros inumeráveis de terra para plantar soja que nem alimenta nosso povo, mas sim para atender ao mercado internacional. As custas das terras e saúde da classe trabalhadora, a burguesia rural é responsável por degradar a vida de milhões de brasileiros, os quais agora desenvolvem problemas respiratórios e comem alimentos recheados de agrotóxicos.

Enquanto isso, o Congresso Nacional, balcão de negócios da burguesia dento do Estado, tenta anistiar os criminosos bolsonaristas que aterrorizaram o país em 8 de janeiro, nada se preocupa com as queimadas. O STF continua inerte, nada faz de forma efetiva para deter a destruição ambiental. E assim vai. Mais um dia a classe trabalhadora respira fumaça produzida pelos latifundiários que ficam cada vez mais ricos. Com suas queimadas, destroem a floresta, dizimam centenas de animais, acabam com a água potável e dilaceram o futuro decente dos brasileiros. A natureza se torna um grande combustível que alimenta a queimada em nome do dinheiro.

Diante dessa elite que utiliza a mídia tradicional para manipular as mentes, controlando os lucros e as riquezas do país, o que faz a classe trabalhadora? Será que é um bobo da corte, iludida pela meritocracia, dilapidada pelas privatizações? Se mostrará como uma eterna massa de manobra alienada, distante das ações concretas para mudar esse sistema?

Quem dera que a classe trabalhadora despertasse, como na Revolução Russa. Organizada coletivamente, invadiria a sala dos patrões, desapropriaria todas as riquezas e as distribuiria para todos os humildes. Quem dera que a classe trabalhadora tivesse autonomia, formasse sua própria contra-hegemonia, impedisse as privatizações das riquezas nacionais, taxasse as fortunas, exigisse mais direitos via sindicatos, concretizasse a reforma agrária e urbana, se indignasse efetivamente contra toda exploração. Será que um dia a alienação da classe trabalhadora será vencida perante as injustiças que acontecem diariamente nesse país? Por enquanto resta a ela respirar um contaminado ar e olhar para o horizonte acinzentado de fumaça provocada pelo agronegócio.

16.09.2024

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 16/09/2024
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