NÃO PAGO PARA TRABALHAR
Já superei aquela fase quase adolescente de pagar a alguma editora para publicar dois contos, poesias ou crônicas. Concluí ser completamente desprovido de sentido fazer isso. A princípio o escritor neófito se alegra todo orgulhoso, anda com o livrinho debaixo do braço mostrando aos amigos, parentes e conhecidos.
Quando paga um valor absurdo no intuito de levar ao prelo seu livro solo, empolgado, recebe os volumes e sai por aí atrás de uma e outros tentando vender alguns exemplares. É nesse interregno que sofre deboche, desprezo e indiferença, por mais que seu trabalho tenha valor. Então descobre ser inviável, não valer a pena passar por tanta humilhação. Aconteceu comigo, sou exemplo e testemunha do fato.
Não que tais entrave e obstáculos me impeçam de seguir escrevendo, porque as lides literárias sempre compuseram o mosaico de meus sonhos, isto é, escrevo porque amo desenvolver a maravilhosa, embora utópica para nós brasileiros, atividade beletrista. Entretém minha alma, aqui e ali recebo comentários, realça a chama de escritor no meu coração, exercita a mente e permite que eu continue devaneando. De vez em quando distintas editoras virtuais indagam se quero participar de coletâneas com dois ou mais textos por esse ou aquele valor. Descarto.
Destarte, isso tudo posto, jamais pagarei novamente com esse objetivo. Inconcebível! Todavia continuarei escrevendo. Se aparecer quem goste e queira apostar no meu suposto talento e banque a edição do livro físico - não me agrada muito o pdf -, algo que não espero, sou pé no chão, acatarei e agradecerei a proposta com prazer.