A Importância da Educação Científica Contra o Dito Sobrenatural
Estava no final do horário da minha aula, com meus alunos de 10 anos, quando me deparei com uma discussão muito interessante entre eles. Um deles contava que, ao levantar durante a madrugada, pegava uma vassoura de pau e ia até a cozinha, pois tinha medo dos barulhos que ouvia, acreditando que poderiam ser fantasmas. Outros colegas, animados, também contaram ter medo de levantar à noite e se deparar com vários tipos de criaturas sobrenaturais.
Entrei na conversa, ri bastante e achei aquilo muito engraçado. Comecei a explicar para eles de forma racional, utilizando conhecimentos simples de física, que fantasmas não existem. Expliquei que os objetos, de fato, parecem se movimentar à noite, mas que isso é natural e normal. Isso acontece porque a temperatura dos objetos aumenta com o calor ao longo do dia, fazendo com que as moléculas se agitem, dando a impressão de movimento no período noturno.
Eles acharam isso muito interessante e aproveitaram para me perguntar sobre a existência de lobisomens e outras criaturas fantásticas. Eu sempre negava a existência das fantasias, dizendo que essas coisas não existiam.
Essa situação me fez refletir sobre a necessidade de criarmos, não só nas escolas e nas famílias, mas em vários outros espaços, uma sólida educação científica. As crianças precisam ter uma visão mais racional e lúcida do mundo, para que não caiam em contos de vigários ou em delírios sobrenaturais quando se tornem adultos.
É necessário educarmos nossas crianças para um futuro mais racional e lúcido, em uma sociedade mais laica, que não apele para irracionalidades absurdas. Hoje em dia, muitos adultos, por falta de educação científica, acabam sendo vítimas de charlatões.
Em tempos de fake news, onde absurdos como terra planismo, movimentos antivacina, coaches, pastores neopentecostais extorquindo pessoas e chás alucinógenos de santo daime enganam muitos, a educação científica se torna um pilar essencial para a sociedade - para evitar que os indivíduos sejam presas desses charlatanismos. A educação não só promove o desenvolvimento de habilidades críticas e analíticas indispensáveis para a cidadania ativa, mas também capacita nossas crianças, futuros adultos, a compreenderem e questionarem o mundo ao seu redor.
Assim, estarão mais preparados para tomar decisões informadas sobre questões científicas que impactam diretamente suas vidas diárias, protegendo-se das pseudociências e das baboseiras que permeiam nosso cotidiano. Espero que meus alunos não sejam vítimas de charlatões como Pablo Marçal, Silas Malafaia e Edir Macedo.
02.09.2024