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TEMPOS HIPÓCRITAS

 

“Democracia tem hora”.

Vocês já imaginaram se o avião só levantasse voo

depois dos passageiros elegerem o piloto? ”

                                       (Millôr Fernandes)

 

Período eleitoral

E não importa [em qual] espaço [em qualquer parte do mundo]

Seja-o n’uma grande metrópole, seja n’um pacato município

É tudo igual

Sim, não há diferenç'alguma

Ah! Simplesmente nenhuma

 

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Tempos hipócritas!

Do camarada o qual você [há tempos] não o via

E vede-o, então, de ti a se aproximar, todavia

E co’a maior cara de pau a dizer que n’um tempo vindouro pode {tu] contar co’ele

Mas que para tal precisa contar com o seu voto

Mas, sempre lembrando: só "depois"!

Nunca antes

 

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Ah! O seu [cobiçado] voto

O nosso voto, então

Voto de confiança!?

E por acaso existiria um voto ... sem confiança?

Voto de confiança é um pleonasmo vicioso, considerando que não existe "voto sem confiança"

Ou será qu'existe?

Talvez sim

 

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E seria, de fato, “voto de confiança”... a que de nossa parte teria?

Mas, como posso votar sem qu’eu n’alguém não poderia confiar?

Na verdade, não se trata [tanto] de “poder confiar”

Mas, sim, de "querer" confiar

Embora no meu caso [específico] aplica-se outro verbo: “conseguir” confiar

E, visto qu’eu não “consegui” confiar em ninguém, confesso que não sei o que fazer

com o meu voto, já que sou obrigado [em alguém] votar!

Porém, se ninguém me representa, não voto em ninguém

E por quê?

Por este mesmo motivo: porque [eu] não confio em ninguém

E já faz tempos qu’eu somente n’uma única pessoa [neste mundo] eu acredito e, portanto, confio:

Em mim mesmo, e mais ninguém

 

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Muito embora há quem opta em votar no [candidato] "menos pior"

Pelo que [tal eleitor] não vota, em verdade, na intenção de que o seu candidato vença,

mas, sim, para o outro não ganhe [a devida eleição]

Que, diga-se de passagem, foi o qu'eu fiz na última eleição [para Presidente da República]

 

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Pois bem, meu amigo, indo d'um assunto para outro (mas dentro do mesmo tema), acaso já se deu

por conta de que nós é empregamos os políticos?

Isso mesmo, caríssimo

E caso algum candidato lhe tenha dito que fez algo por você [ou por todos], nunca lhe passou

pela cabeça que [ele] não fez mais que sua obrigação?

É isso mesmo

Portanto, deixa de ser bobo, meu irmão

Pois é!

Deveria haver primeiro uma eleição onde o processo se fizesse em saber em quem não gostaríamos

que fosse eleito

De forma que, em função do resultado, estes se tornassem “inelegíveis”

E só depois então, se faria uma eleição onde escolheríamos os candidatos que nos representam

Já pensou?

Isso, sim, é que seria ..."democracia"

Onde escolheríamos quem no "Poder" estar deveria (pelo que lhe seria "digno")

E quem não seria dele ... merecedor

 

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Mas, retornemos ao principal foco:

Tempos de eleição!

Tempos onde a “arte de mentir” revela os maiores "atores"

Como também os maiores... "otários"

Sim, dos que nos “atores” acreditam

E, portanto, neles votam

Talvez visto que os eleitores têm uma “memória fraca”?!

E se esquecem [rapidamente] das enganosas palavras que n’outro tempo foram proferidas

Das inúmeras promessas que ... nunca foram cumpridas

Oh! Chega a ser inacreditável que ainda há gente assim:

Em acreditar em promessas de políticos

Ou em acreditar em "santidade" em políticos

E destarte se faz [nestes tempos] um interessante intercâmbio:

Um que diz uma mentira e um outro a acreditar [nele ou em sua mentira]

E [aqui] me fico a perguntar:

O que é mais insensato em nossa postura: acreditar na mentira ou no mentiroso?

Ah! Até parece que a mentira pode ser “separada” do mentiroso!

 

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Tempos eleitorais

Tempos hipócritas

Onde, quando não se espera, alguém nos cumprimenta com um doce sorriso

Ou até mesmo nos abraça

Toma café e bate papo no barzinho co’a gente

Enfim, de nós (e de todos) se aproxima

Para, depois das eleições ... desaparecer

E voltar somente no período das outras

 

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Mas, oh! qu’estou a dizer?

Será que só os políticos [é que] mentem e, portanto, são hipócritas?

Não, não e não

Seriam uma grande injustiça para co'eles [caso alguém dissesse]

Não são somente eles, não

Ao qu’eu digo por mim:

Quando um deles me pede voto, a dizer que mudará para melhor minha vida, eu finjo que

n’ele acredito 

(Considerando também que ele finge ter interesse por nossas vidas!)

Pelo que lhe prometo a ter [de mim] o meu voto

Ou, n’outras palavras:

Ele mente para mim e eu minto para ele [sem que nenhum de nós perceba]

Como a se dizer:

“Chumbo trocado não dói”

 

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01 de setembro de 2024

 

IMAGENS: INTERNET

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 01/09/2024
Reeditado em 01/09/2024
Código do texto: T8141752
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