A PAZ DAS PEQUENAS COISAS .

A vida tem suas fases, como as estações do ano. Já passei por verões de intensa agitação, onde a busca por festas, multidões e barulhos parecia inevitável.

A alma, inquieta e jovem, ansiava por explosões, por viver tudo de uma só vez. Mas, agora, sinto que meu calendário pessoal mudou. Estou em um outono ameno, onde os dias são mais curtos.

Não é que eu tenha me tornado solitário , longe disso. Mas as grandes multidões, que antes me atraíam como imãs, agora me causam um leve desconforto. Prefiro o silêncio das esquinas menos movimentadas, onde o barulho do mundo parece não alcançar. Encontrei, nesses recantos de calma, uma paz que não sabia que precisava . Um livro aberto, uma música calma é isso que me tem atraído ultimamente. Percebi que nem tudo precisa ser vivido no volume máximo. Vai ver, passei da fase onde tudo é explosão. A vida me ensinou a saborear as coisas em pequenas doses, como quem aprecia um prato de sabores delicados.

Sou velho demais para ser jovem, e jovem demais para ser velho . Essa frase, que no passado soaria contraditória, agora me define. Carrego em mim um pouco de cada tempo, e essa mistura me fez perceber que o equilíbrio está em escolher os detalhes. Não preciso de muito para ser feliz; um punhado de amigos sinceros, momentos que aquecem a alma, e a liberdade de ser eu mesmo.

Chega uma hora em que entendemos que a felicidade não está no número de pessoas à nossa volta, mas na qualidade daquelas que nos cercam. Quero pessoas que saibam olhar para dentro, que percebam as nuances de uma alma em paz. Gente que cativa pela simplicidade, que entende o valor de um silêncio compartilhado, que sabe que a companhia vale mais do que mil palavras vazias.

O tempo passa, e com ele vamos mudando nossos interesses, nossos ritmos. O que antes era efervescência, agora é serenidade. E, sinceramente, para mim aí está uma vida de paz. Descobri que o que realmente importa não é a quantidade de aventuras que vivemos, mas sim a profundidade das experiências que compartilhamos com aqueles que realmente importam.

E assim, na calmaria das pequenas coisas, encontrei o meu lugar.