Depois do Milênio

Lembro como se fosse ontem. Viramos o milênio com fogos, esperança e uma ideia meio ingênua de que tudo mudaria para melhor. Parecia o recomeço de um Brasil mais justo, mais moderno, mais promissor. Como fazemos todos os anos. Mas o tempo, esse senhor que não perdoa, mostrou que mudar o calendário é fácil. Difícil é mudar o coração das pessoas de modo que tenhamos um país melhor.

Comecei a notar algumas mudanças a começar no futebol. Aquele futebol raiz, de camisa suada e chuteira gasta, foi dando lugar ao glamour das mídias e redes sociais. Os jogadores começaram a virar popstars. Fama, fortuna, contratos milionários... e a paixão pelo esporte ficou lá atrás, sentada no banco de reservas. A Seleção que outrora amada pelos brasileiros virou uma marca, não mais uma família. E a gente, que chorava de alegria ou tristeza a cada Copa, passou a assistir aos jogos meio desanimado, quase por costume, perdemos a fé no gol da vitória.

Na política, então, nem se fala. Quando o PT chegou, uns vibraram, outros tremeram. E o país, que já não era lá muito unido, andava em pernas de pau, virou um campo de batalha. Discussões na mesa do almoço, amizades desfeitas por causa de votos. A política virou torcida, e o debate virou briga. A impressão é que criaram uma cadeira fixa no poder, e ninguém mais pode se levantar dela. Renovação? Quase um palavrão.

Enquanto isso, o real foi ficando cada vez mais "irreal". A moeda que ergueu o país, agora ergue os corruptos. Preço sobe aqui, valor desce ali. Um dia você compra três coisas no mercado e sente que gastou o triplo. E aí vem aquela pergunta: "Será que estão nos enrolando?" E a resposta é mais complexa do que parece. Porque quando a honestidade escapa das mãos de quem deveria dar o exemplo, o povo aprende o pior: se der pra levar vantagem, por que não? A oportunidade faz o ladrão, e em quem rouba de ladrão, tem 100 anos de perdão.

Nem a fé escapou. Aquela igrejinha que um dia era refúgio, consolo, verdade, virou, em alguns cantos, uma empresa de promessas. O evangelho da cruz foi trocado pelo evangelho do bolso. E o que deveria curar almas passou a alimentar egos. Tem quem ainda viva a fé com simplicidade — graças a Deus —, mas a integridade já não é mais regra, e sim exceção. Cristo deixou de ser o alvo, mas o pão e os peixes.

A educação, coitada, também levou pancada. Alguém mal educado tentando dar educação. Ao invés de formar cabeças pensantes, passou a produzir militantes. As salas de aula viraram trincheiras ideológicas, e o aluno virou soldado de narrativas. No fim, ele saida escola sem saber quem foi Machado de Assis, mas pronto pra discutir política nas redes sociais. Mal sabe o hino nacional. Estranho, né?

E a segurança? Bem... quem veste farda no Brasil hoje carrega mais que uma arma. Carrega o cansaço, o medo, a falta de reconhecimento e até revolta. Ganha pouco, arrisca a vida e ainda é julgado por fazer o que ninguém mais quer fazer. Enquanto isso, o crime se organiza, cresce, lucra, domina. E a população segue vivendo entre o medo, a desilusão, outros se juntam a ele.

Depois de 2000, o Brasil mudou. Talvez não pra pior, mas também não pra melhor como sonhamos. O que falta? Ética. Caráter. Valores? Amor ao próximo. Falta parar de torcer por partidos, por ideologias, por líderes, e começar a torcer pelo Brasil de verdade. Aquele que ainda vive escondido nos corações de quem acredita que dá pra recomeçar, mesmo depois de tantas promessas quebradas.

O milênio virou. Agora, quem precisa virar somos nós.

Por fim, tudo só será possível com Jesus reinando em nossos corações. Quando aceitamos Cristo podemos ver a sua glória.

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Carlos Simplicio
Enviado por Carlos Simplicio em 17/04/2025
Código do texto: T8311321
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