Quando o silêncio se torna ausência
Ultimamente a solidão incansável e o medo estarrecedor me fazem congelar com a possibilidade de um futuro incerto e incansável; tenho medo do dia em que as ligações não serão mais feitas, em que os conselhos e brigas não serão mais ouvidas, tenho medo do silencio que irá me destruir os anos afim após sua ida.
Eu sei que ultimamente eu tenho escrito muito sobre a dor e o medo da perda e em como isso assolará meu âmago. Eu entendo a repetição das palavras e sentimentos. Hoje em dia consigo entender e enxergar que era a primeira vez deles vivendo e aprendendo a serem a melhor versão que podíamos ter, que poderiam nos dar.
Por que os pais sempre focam no que não nos deram e nós sempre focamos em o que não tivemos?
Lembro dos olhos cansados e das mãos feridas do tempo para que a fome não batesse a nossa porta. Lembro dos sacrifícios e noites insones quando alguma de nós ficavam doentes. Quando eu tive perto ir, ir antes de vocês, você desistiu de ficar bem porque eu não estava. Isso me corrói. Como você estaria se eu não tivesse ficado doente? Por que, novamente, teve que desistir de si mesma para me ver curar?
O seu choro silencioso dentro do banheiro não se apaga da minha mente. Eu pensava que você era a rocha que se erguia imponente, assim como o Monte Everest, mas naquele dia, o mar colidiu com sua imponência e pela primeira vez, o vi ruir. Peço perdão pela dor que causei a vocês, por desistirem da sobra sob o juazeiro para que eu pudesse sonhar.
A dor iminente da ida de vocês me corrói.
Haverá um dia em que o arrependimento de não ser sido menos gentil com vocês desaparecerá?