Meus professores

Ao visitar minha cidade natal, encontrei, na missa, minha professora do quarto ano primário. Num átimo, a imagem de todas as professoras e professores, desde o primário até o curso científico, percorreram minha lembrança.

Aprendi a ler e escrever com a Dona Cleusa. Paciente e simpática, professora no primeiro e segundo anos. No primeiro ano fiquei com o primeiro lugar da sala de aula e no segundo ano, com o segundo. Pouco Caxias, ou CDF, eu era, hein?

No terceiro ano tive como mestra a dona Rosali. Ríspida e exigente, mas continuei a cair de produção e fiquei com o terceiro lugar. No quarto ano primário a incumbência de passar os ensinamentos era da Dona Zali. Quando a encontrei na missa senti vontade de chorar e tive um impulso de conversar com ela. Contar-lhe tudo o que passei e perscrutar a vida dela.

Percebi que mesmo um pouco doente, ela não perdera a alegria. Na rápida conversa que entabulei ao final da missa, ela me passou a mesma simpatia que eu sentia nos tempos de menino. Neste quarto ano primário eu fui o quarto colocado.

Depois do primário vieram os cursos ginasial e científico, bem mais exigentes, obrigando a ter uma dose maior de dedicação aos estudos. Já não era mais um só professor por ano letivo. Cada mestre com sua peculiaridade.

Começando pelo seu Jairo que, além de professor de Inglês e Biologia, foi diretor do Colégio. Sério e compenetrado em seus afazeres, competente professor, querido por todos, mesmo mantendo certa distância. Dona Natércia quando lecionou Matemática estava com problemas de audição e nós, que não éramos tolos, aproveitávamos nas provas passarmos e pegarmos respostas dos colegas.

Dona Maria José foi a primeira paixão dos alunos. Pernas bonitas bem torneadas, que não escondia, deixando os alunos com os olhos esbugalhados. Dona Maria da Penha era expert em História.

Ensinava os fatos históricos como se fossem gostosos causos pitorescos, prendendo a atenção da rapaziada e tornando fácil o aprendizado.

Doutor Márcio lecionou Biologia. Dentista com o dom da retórica, ainda hoje dá palestras em vários eventos. Doutor Sérgio era o professor bonachão e querido, um pouco, digamos, diferente da esposa, Mara Isabel. Essa conseguiu me deixar em segunda época em Química. Foi a primeira e única vez que tive que receber aulas particulares em outro município para ser aprovado.

Dona Maria Serafina foi quem me ensinou a gostar de Português. Nos cinco minutos finais da aula os alunos pegavam os livros e faziam leitura silenciosa. Ela percorria a sala chamando a atenção quando percebia qualquer movimento nos músculos labiais de algum aluno. Dona Wanda era francesa e ficou muito fácil nos ensinar a língua mais romântica do planeta. Cheguei até a aprender a música Aline.

Deixei por último para falar da mais simpática, querida e bela negra, a matemática Dona Elza. Todos os que estudaram com ela passaram a gostar desta matéria que é odiada pela maioria dos alunos.

Devo ter esquecido alguns. Peço desculpas. Todos foram fundamentais na minha vida e, consequentemente, na da minha família. Agradeço a todos e peço a Deus que ajude aos que estão entre nós. Aos que já se foram, imagino que estão ao lado de Deus e dos anjos.

Esta crônica é uma homenagem singela aos meus irmãos Lurdinha, Lucimar e Adilton, professores de Geografia, Português e Administração, respectivamente.

Aroldo Arão de Medeiros

03/07/2007

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 08/01/2025
Código do texto: T8236396
Classificação de conteúdo: seguro