Comendo com olhos lambendo com a testa

Exposto na vitrine o bonitão estava girando dentro da geladeira, a guloseima tinha uma visão panorâmica naquele salão da confeitaria. Encostado na parede de vidro do lado fora aprecia o balé do bolo recheado, e põe o pensamento criativo corta as fatias deste bolo de coco com leite condensado, cobertura de chocolate misturado com caramelo. Nem percebeu as mãozinhas sujas fazendo marcas na vidraça, e os lábios ao tocarem na superfície tatuava com a saliva a parede transparente. Durou o tempo suficiente para provar duas, três, fatias da delícia daquele bolo adocicado. Alguém toca nos seus ombros dizendo: “Sai daqui menino está sujando a vidraça, e espantando a minha clientela”. Acorda sente a fronha molhada, lembrar do dia que foi escorraçado quando estava delirando, “namorando” os doces com enfeites de natal na padaria central. Levanta faz a higiene matinal toma seu café, dirige-se a janela olha para rua observa o movimento dos carros, e as pessoas passando apresadas na calçada ainda bem que preparei a “cama” para quando a velhice chegar ter um cantinho para descansar.