Espelho mágico
Escrever é ouvir o sussurro do mundo e traduzi-lo com as mãos.
É um ato íntimo, quase ritualístico, onde a alma despe-se em letras
e repousa no silêncio da página.
Cada palavra escolhida é um grão de areia a construir castelos invisíveis,
unidos pela força do sentimento e da imaginação.
Na arte de escrever, há pausas que falam mais alto que as frases.
Espaços em brancos que guardam segredos nas entrelinhas…
É ali, no vão entre uma ideia e outra, que o escritor se revela:
um guardião de histórias e tradutor de emoções
que o coração muitas vezes cala.
Escrever é navegar por mares desconhecidos sem usar bússola,
guiado apenas pelo pulsar do coração.
É transformar o simples em eterno,
dar asas ao efêmero e construir pontes
para que outros corações alcancem a luz…
E enquanto a tinta desliza ou o teclado ecoa, o escritor torna-se um alquimista:
transmutando dores em versos, sonhos em contos e silêncios em epifanias.
Escrever é bem mais que contar histórias,
é revelar entranhas e inconsciências nas percepções de mundo
— como uma espécie de espelho mágico onde o lado de dentro,
de alguma forma, se reflete e, as vezes reverbera…
Shara Ribeiro