Só o vento sabe a resposta

 

Indesejável, amargo e triste. Mau-humorado, complexado e depressivo. Arrogante, insensível.

 

Agressivo, infiel, e... chega!

 

Esse era o pequeno resumo de minha personalidade nos meus dias de muito bom humor. Uma grata desgraça para a humanidade que me cercava. E olha que eu me achava merecedor de uma vida melhor por conta disso tudo que eu era. Graças ao bom Deus, que levou tudo aquilo de mim, ou melhor, me permitiu aprender a merecer, devagarinho, a me livrar daquilo tudo, quer dizer, de uma pequeníssima parte daquilo tudo. O que já seria de uma enorme ajuda para o futuro, que é agora o meu atual presente. Haviam sonhos e planos em demasia para uma única, jovem e imatura cabeça decidir. Não possuía talento, ou personalidade, nem tão pouco coragem para tentar modificar um pouco ao menos. É que o meu caso se resolveu graças a intervenções externas, verdadeiros abalos sísmicos em minha vida, chacoalhões por toda parte, dentro e fora de mim. Que por fim acabaram banindo, o medo de tentar mudar, de dentro de mim.

 

Mudar o que, hein?

 

Um pouco dessa crosta de sujeira em que ainda estou metido até o pescoço. Imagina só como estava no começo dessa encrenca toda. Praticamente não houveram mudanças em minha vida, aí só olhando superficialmente.

Praticamente doido, estranhamente à vontade e maluco. Sem mais detalhes, um desenho estúpido e covarde e arrogante e disforme do que poderia ter sido. Vagamente alucinado e constantemente infeliz, culpava tudo que era gente, coisa ou situação para agravar meu estado.

 

Desfigurado e impotente.

 

Distante, incompreensível.

 

Por fim, o mais angustiante: mal amado.

Tudo isso citado não passa de uma milionésima parte da realidade de agora. Drasticamente deformada, aquela imagem absurdamente grotesca.

 

Agora?

 

Não sei se existe mais o agora, ou o depois, ou o antes. Não existe mais tempo, nem pressa de nada, muito menos horário para dormir, acordar, comer, passear e umas outras coisinhas mais básicas.

 

As horas passam rápidas demais no relógio, avançam disformes e inconstantes sobre mim, que sempre estive assim, desequilibrado. Porém agora curado estou, ao menos eu acho. E pronto para seguir o caminho deixado para trás em um passado absurdamente próximo.

 

É um relato exaustivo, eu sei. Simplesmente façam o que tem de se fazer, do resto cuido eu, e se precisar, me abandonem afim de que eu não estrague tudo de novo.

 

É certo que a concorrência assustou, mas já está tudo superado, aguardemos alguns minutos e sigamos caminho. Caminho que pelo visto mudou muito pouco, em se comparado com as minhas mudanças.

 

Formidável, as coisas vão indo e vindo na cabeça, claras feito água pura de nascente. Mas, como o tema em questão sou eu, de novo, digamos que tudo será resolvido com certa dose de desespero, angústia e uma pitadinha de mistério. No mais, tudo sairá bem. Curando dores, remorsos, envenenamentos por palavras não ditas e ações impensadas.

 

Em se vencendo a guerra quero que contem comigo, saibam da aliança para os próximos combates. Em meia hora tudo estará mudado e tanto faz a forma de chamamento. Está liberado toda sorte de linguagens, mistérios e um cadinho de dor e sofrimento.

 

Acontece que nada foi ou será por acaso em todo esse mundo.

 

Por que tanta luta?

 

Pra que tanta briga?

 

Simples, gelado, calmo, ou, complexo, quente e arrebatador, só o vento sabe a resposta.

 

Josemar Fonseca
Enviado por Josemar Fonseca em 28/09/2024
Código do texto: T8162026
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