UMA SIMPLES CONVERSA
Vovô, você já tem bastante idade, então eu acho que logo, logo você vai se encontrar com Deus.
Eu acho que você tem razão. Respondi, consternado.
Quando você se encontrar com Deus, o que vai pedir?
Pedir? Ora “se” eu me encontrar com Deus, vou dizer que a estrada foi muito longa e que eu adorei demorar tanto tempo para encontrá-Lo.
Como assim?
Direi: Senhor quando saí de suas mãos, pedi para ser livre e eu fui livre
Vivi grandes aventuras, e muitas desventuras
Aprendi e errei
Ensinei e deturpei, caí e me levantei várias vezes
Fui algoz e fui vítima, fui amigo e inimigo, fui bom algumas vezes e tantas outras fui cruel
Senti no corpo o ardor do ódio e na alma a leveza do perdão.
Algumas vezes eu menti, outras fui desonesto, mas algumas fui fiel e correto.
Amei de forma equivocada, amei o erro, e sofri bastante
Porém tive a rara oportunidade de ser amado incondicionalmente, fui amado com os meus erros e defeitos
Ah! meu Deus como foi longa a minha jornada, quantas manhãs de sol, quantas tardes de frio
Quantas pessoas maravilhosas cruzaram o meu caminho e sem perceberem alteraram o curso da minha história.
Quantas primaveras, quantas paisagens, quantos pássaros; nuvens; sorrisos; afagos; quanto deleite; quantos perfumes e sabores; quanta alegria e umas poucas tristezas.
Que bela e longa viagem. Não tenho nada a pedir, quero só agradecer pelas pessoas que convivi, pelos amigos e pelos não amigos que me ofertaram o exercício do perdão; da resignação.
Obrigado pelas dificuldades que como lições, burilaram o meu ser.
Obrigado, Senhor pelo empréstimo das riquezas materiais e hoje que eu já vejo o fim dessa extraordinária jornada, peço que abençoe os que estiveram por aqui antes de mim e aqueles que ficarão depois de mim.
Senhor se for da sua vontade, estou pronto.
(acho que meu neto não entendeu metade disso).