A flor da calçada

A manhã se estendia com uma brisa suave, o tipo de vento que parece acariciar a pele como se dissesse: “Hoje, o mundo é teu”. As ruas estavam calmas, as árvores deixavam cair suas folhas em um balé sincronizado, e o sol, ainda tímido, derramava sua luz dourada sobre tudo. Era um desses dias em que o tempo parece desacelerar, e cada detalhe do cotidiano ganha uma tonalidade nova, quase mágica.

 

Caminhava, apenas seguindo o fluxo de meus próprios pensamentos, quando notei uma flor solitária brotando no meio da calçada. Tão pequena e delicada, mas cheia de vida. Fiquei ali, parada, observando-a por alguns instantes. Como ela tinha encontrado forças para nascer ali, entre pedras e concreto? Parecia uma metáfora para a própria existência: frágil, mas incrivelmente resiliente.

 

Segui adiante, mas aquela imagem continuava comigo. Pensei em quantas vezes nós, como aquela flor, florescemos em lugares inesperados. Em quantas vezes a vida nos desafia a crescer, mesmo quando tudo ao redor parece infértil.

 

A gente se esquece, às vezes, de como somos capazes de encontrar beleza até nos cenários mais áridos, de como a alma, mesmo cansada, sempre busca a luz.

 

O dia continuava seu curso, pessoas passavam apressadas, carros iam e vinham, mas eu sentia como se estivesse em outra frequência, como se visse o mundo através de um véu de poesia. 

Prossegui caminhando...

E ali, distante da cidade, percebi: o encanto da vida está nessas pausas, nesses momentos em que a gente para para sentir, observar e respirar. A flor na calçada, o sol nascendo devagar, o aroma do café... Tudo isso é parte de uma música silenciosa que a vida toca o tempo todo, mas que, por vezes, estamos ocupados demais para ouvir.

 

Naquele instante, me dei conta de que não precisamos de grandes acontecimentos para sentir a plenitude. Às vezes, basta uma manhã qualquer, um encontro inesperado com a natureza, ou simplesmente o prazer de estar presente no agora. Porque, no fundo, é nisso que a vida se revela: nas pequenas coisas, naquilo que não diz, mas se faz sentir.

 

O dia seguia seu rumo, e eu, assim como aquela flor, me deixava levar.

 

                             

         Angélica Lima

 

 

Angélica Lima
Enviado por Angélica Lima em 16/09/2024
Reeditado em 16/09/2024
Código do texto: T8153043
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.