O Plano Safado e a Chantagem do Agro
O orçamento não voou. Travado, amarrado, sequestrado. Tudo porque a bancada ruralista resolveu bancar o leiloeiro do caos, trocando apoio por interesses próprios. O plano safado – como já chamam nos corredores de Brasília – ficou pelo caminho, vítima da chantagem explícita que se tornou prática corriqueira no Congresso. Sem orçamento votado para 2025, o governo se vê sem munição para governar. E é exatamente isso que eles querem.
A jogada é simples e sórdida: engessar o governo, secar suas fontes de crédito, deixá-lo refém da falta de recursos para que a população, cansada e desesperada, vá às ruas pedir impeachment. A crise fabricada, alimentada e conduzida por um setor que, paradoxalmente, diz carregar o Brasil nas costas. Mas o agronegócio não carrega o Brasil – ele suga. Suga isenções, suga subsídios, suga financiamentos que, no fundo, quem paga é o cidadão comum.
A lei Kândir (Lei Kandir, lei complementar brasileira nº 87 publicada em 13 de setembro de 1996, entrou em vigor em 01 de novembro de 1996 no Brasil, dispõe sobre o imposto dos estados e do Distrito Federal, nas operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS)) que financia a safra do agronegócio, virou um privilégio disfarçado de necessidade. O setor exporta sem pagar impostos, enche os bolsos de lucro e, ainda assim, bate à porta do governo para pedir mais dinheiro. Ora, se o agro é tão forte, tão rentável, por que precisa de financiamento público? Que pague suas próprias contas!
Enquanto isso, os mesmos que travam o orçamento posam de defensores da pátria, espalham discursos inflamados contra um governo que mal pode se mover. E a população, desinformada e manipulada, cai na armadilha. A mesma bancada BBB – Bíblia, Boi e Bala – que bloqueia projetos para beneficiar a agricultura familiar, para incentivar pequenos produtores, é a que se diz defensora do campo. Mas seu verdadeiro papel é manter o jogo do poder girando em benefício próprio.
Então, antes de apontar o dedo para o governo e reclamar da falta de incentivo para a agricultura, pergunte-se: quem está impedindo os recursos de chegarem? Quem está, de fato, travando o país? A resposta está nos corredores do Congresso, onde a chantagem virou estratégia e o agronegócio, um câncer que se alimenta dos privilégios que nunca deveriam ter existido.