Evolução ou Malcriação?
Dia desses, vi uma notícia que me deixou intrigado. O filho de um magnata respondeu de maneira rude a uma pessoa mais velha, e a grande mídia tratou isso como um sinal da "evolução da espécie". Curioso. Se fosse um menino pobre fazendo o mesmo, o que diriam? Talvez que era falta de educação, que precisava de disciplina, que estava "perdido". Mas, sendo rico, virou progresso. Não gosto nem de Trump, nem de Musk. Mas justiça seja feita: ser eleito por um povo confere legitimidade, gostemos ou não.
E mesmo discordando de alguém, o respeito deveria valer para todos. O que me incomoda não é a crítica a essas figuras, mas a forma como certos comportamentos são exaltados quando vêm dos filhos dos milionários. Pensemos nas crianças das periferias, nos meninos das favelas. Quantos ali enfrentam dificuldades reais, aprendem cedo sobre responsabilidade, respeito e resiliência? Quantos ali, se tivessem a mesma visibilidade, seriam chamados de "evoluídos"? Mas não, quando um garoto rico falta com a educação, é "ousado", "autêntico", "inovador". Quando um pobre faz o mesmo, é "malcriado", "sem futuro", "marginal".
A verdade é que o mundo ainda mede caráter pelo saldo bancário. E a mídia, com seu verniz dourado, adora nos fazer engolir isso como se fosse progresso.
Talvez a real evolução da espécie esteja nas crianças que aprendem a ser grandes sem precisar pisar em ninguém. Mas essas, infelizmente, não costumam ganhar manchetes. E, no fim, quem precisa mesmo evoluir somos nós, para enxergar além da cortina de hipocrisia e dar valor a quem realmente merece.