Quando o Passado Ecoa no Presente

A história tem seus caprichos. Ela adverte, sussurra, grita. Às vezes, o mundo prefere tampar os ouvidos, seja por ignorância ou conveniência. E quando gestos outrora sinônimos de horror são repetidos com intenção, é impossível não se alarmar. A saudação nazista, gesto de opressão, ódio e genocídio, reaparece em pleno século XXI, não como uma sombra distante, mas como uma declaração clara de intenções.

Recentemente, em um cenário improvável e paradoxal, Elon Musk, o magnata da tecnologia, subiu ao palco ao lado de Donald Trump, ex-presidente (posse do mesmo como atual presidente dos EUA) e figura polarizadora, para repetir, sem hesitação, a infame saudação. Não foi um lapso, um momento de desatenção ou uma infeliz coincidência. Foi um ato consciente, repetido, como se quisesse imprimir sua mensagem em cada câmera, em cada olhar presente.

A imprensa brasileira, talvez hesitante, qualificou o gesto como "suposto", mas não há espaço para eufemismos diante de tamanha afronta. Não era uma "suposta" saudação nazista. Era o gesto em sua forma mais crua, um apito de cachorro que atinge apenas aqueles que sabem decodificá-lo. Um gesto para confirmar alianças, validar intenções e fortalecer discursos extremistas que flertam com a barbárie.

E o que fazemos, como sociedade, diante disso? Permitimos que o eco do passado cresça e se transforme em uma nova tempestade? Ou nos levantamos, antes que seja tarde demais, para lembrar ao mundo que há coisas que não podem ser normalizadas?

Gestos como esse não são apenas repugnantes; são perigosos. Eles acendem o pavio de ideologias que ameaçam as bases da democracia e do respeito aos direitos humanos. A história já nos mostrou onde essas trilhas levam: ao sofrimento, à destruição, à desumanização.

As organizações que têm o poder de julgar e punir precisam agir. Não importa o peso do nome ou a quantidade de zeros na conta bancária de quem comete tais atos. Não importa o palco em que se apresentem. Extremismos não podem ser tolerados, e quem os defende, de forma aberta ou dissimulada, não merece nossa admiração nem nosso respeito.

O mundo não precisa de saudações que remetem à morte. Precisa de gestos que construam pontes, não muros. Que gerem união, não ódio. Que celebrem a vida, não a destruição. Resta a cada um de nós decidir qual lado da história queremos estar. E que seja sempre o lado da justiça, da memória e da humanidade.

Sandro Almeida
Enviado por Sandro Almeida em 25/01/2025
Código do texto: T8249180
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