Um novo janeiro para ficar na história

O Brasil é um país conhecido mundialmente pelo futebol e o carnaval, na sua história mais recente também ficou conhecido como o país cujo parte de sua população aderiu a uma tentativa de golpe de estado. O que felizmente não se concretizou. Curiosamente, a três dias de completar dois anos da invasão do palácio do planalto em 2023, no dia 5 de janeiro de 2025, a atriz brasileira Fernanda Torres conquista o Globo de Ouro, como melhor atriz pela sua participação ímpar em um filme que mostra os horrores do período da ditadura militar no Brasil.

Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, intitulado Ainda Estou Aqui, o mesmo título dado ao filme conta a história de uma família que sofreu as consequências duras da ditadura militar brasileira. Marcelo é filho de Rubens Paiva, engenheiro e político que foi sequestrado, torturado e assassinado naquele período.

Dirigido por Walter Salles tem como protagonista Fernanda Torres, que vive o personagem de Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva. Eunice foi levada presa juntamente com seu marido e libertada alguns dias depois, o que não aconteceu com Rubens, o qual foi declarado desaparecido. A Partir da sua soltura Eunice buscava respostas sobre o paradeiro de seu marido e transformou-se em um símbolo na luta contra a ditadura militar e defensora dos direitos humanos. Formou-se advogada e apenas em 1996 conseguiu receber o atestado de óbito de seu marido.

O filme estreou no cinema em 7 de novembro de 2024, pouco mais de uma semana depois mais de 1 milhão de pessoas já tinham assistido.

O filme já havia sido premiado no Festival de Cinema de Veneza, onde Fernanda foi aplaudida por mais de 10 minutos.

O longa retrata um período triste, doloroso mas não menos importante do nosso país, e que infelizmente continua sendo reverenciado, aplaudido e defendido por muitos brasileiros, que inclusive zombaram e faziam uma torcida contra nas redes sociais, palco de tantas falácias sem sentido e desnecessárias. Tirando isso de contexto, o Brasil, pela atuação de uma de suas melhores atrizes, foi ouro em um dos campos mais difíceis de conquistá-lo, e trouxe para nós brasileiros um dos maiores prêmios do cinema mundial depois de 25 anos. E sim, foi sensacional e emocionante vê-la rodeada de grandes artistas, reconhecidas e premiadas e como a própria Fernanda destacou em seu discurso admiradas não só por ela mas por nós também. Então ver uma brasileira, atriz, vestida de elegância e coberta de simplicidade no topo do cinema mundial, me desculpem, é sensacional. Não é apenas a representação de um povo mas uma quebra de paradigmas, para aqueles que lembram da cultura do Brasil pelo pé ou pela bunda, me perdoem a palavra, mas essa é a verdade.

É uma história verdadeira e ainda não finalizada, visto que, os militares responsáveis embora denunciados ao MPF em 2014 não foram julgados, sequer punidos, além disso custam aos cofres públicos do Governo Federal mais de 140 mil mensais, incluindo familiares dos mesmos. Portanto o filme além de mostrar um período difícil da nossa história e que não deve ser esquecido para que não volte a acontecer, reacende uma discussão sobre a impunidade que perdura desde aquela época em relação aos crimes cometidos na ditadura.

Ainda estou aqui contribui para a preservação da nossa história, conservação da memória e reconhecimento daqueles que lutaram pelo que hoje nós vivemos, e claro nos traz um novo janeiro para ficar na história, este para ser não apenas lembrado mas comemorado.

Potiara Cremonese
Enviado por Potiara Cremonese em 10/01/2025
Reeditado em 10/01/2025
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