Brasil, um país que não lê

Pela primeira vez desde o início da série histórica em 2007 a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró Livro e divulgada em novembro de 2024, mostra que o número de não leitores ultrapassou o número de leitores no Brasil. Os dados foram colhidos por três meses e apontam uma queda significativa de leitores no país, desde 2015 mais de 11 milhões de pessoas deixaram os livros de lado.

Os dados da pesquisa apontam que essa queda atinge todas as classes sociais, faixas etárias e grau de escolaridade.

A pesquisa revelou que 53% da população brasileira não leram nem ao menos parte de um livro nos três meses anteriores à coleta dos dados. Um dado preocupante e ao mesmo tempo entristecedor. Chama ainda mais atenção quando se trata de um livro inteiro, onde o percentual chega a 27%.

Outro dado preocupante apontado pela pesquisa é que as salas de aula foram citadas como local de leitura por apenas 19% dos entrevistados.

Infelizmente o Brasil registra uma marca negativa em relação a uma das melhores fontes de conhecimento e aprendizado que podemos ter acesso.

O resultado é simplesmente o retrato do que vimos em nosso dia a dia, e uma das maiores causas desse abandono da leitura, literalmente falando, é o aparelho celular.

Isso é um fato e muito visível em qualquer ambiente, seja ele público ou particular, basta olharmos ao nosso redor. As pessoas estão cada dia mais conectadas, e o mais preocupante é que os conteúdos que estas absorvem por meio da internet na maioria das vezes são fúteis, inverídicos e/ou não lhes trazem nenhum tipo de conhecimento, inclusive tratando-se de notícias, as pessoas parecem estar vivendo totalmente fora da realidade, não por momentos de distração, mas em todos os momentos de sua vida.

O livro é uma fonte inesgotável de conhecimento, lazer e cultura.

A leitura é muito mais do que um simples hábito é uma atitude que melhora de forma significativa nossa saúde mental, nosso diálogo, nossa forma de pensar, entender e reagir diante da realidade. No entanto, não basta apenas ler, é preciso saber interpretar e entender o que estamos lendo, e isso acontece quando a leitura começa a ser praticada de forma assídua. Isso é papel fundamental da escola, visto que, muitas crianças só conhecerão os livros através da escola. Aliás, a pesquisa deixa claro que crianças entre 5 e 10 anos têm prazer em ler e que o desinteresse pela leitura se intensifica a partir dos 14 anos de idade. Então, se crianças até 10 anos estão lendo mais que adolescentes e jovens ainda em idade escolar, em algum momento esse incentivo deixou de existir.

Apesar de considerar de extrema importância que isso aconteça a partir da família, infelizmente é a escola que carrega a esperança para que os leitores não diminuam ainda mais, pois os adultos, pais de alunos seja da primeira infância ou ensino médio, estão ainda mais ligados às telas do que seus próprios filhos.

É preciso mais do que nunca ressaltar a importância da leitura para o desenvolvimento do ser humano. Em todos os aspectos.

Quando a escola deixa de ser um local de referência para a leitura, temos um país que caminha para o retrocesso.

E se você está lendo este artigo, você faz parte dos 47% de leitores que o Brasil tem hoje, considerando todas as formas e quantidade de leituras. Lamentável e muito triste.

Ler é um ato de amor a nós mesmos. É algo tão simples mas tão significativo na nossa vida. Eleva a nossa auto estima e fortalece a nossa existência, por meio da leitura criamos senso crítico, mudamos nossa forma de observar e analisar as situações. O livro é um descanso para o corpo e para alma.

O Natal pode ser um grande incentivador para mudar este cenário. Livros são uma ótima opção de presente em qualquer ocasião, e esta é uma delas.

Incentivar a leitura é contribuir para que a educação, o conhecimento e a cultura não se tornem opção.

Potiara Cremonese
Enviado por Potiara Cremonese em 27/12/2024
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