O Futuro em Duas Vias: Telas ou Olhares? ("A tecnologia é só uma ferramenta. No que se refere a motivar as crianças e conseguir que trabalhem juntas, um professor é um recurso mais importante." — Bill Gates)

A manhã se abriu diante de mim com o jornal digital repleto de duas notícias que pareciam sussurrar sobre o futuro da educação, um futuro ainda em construção, dividido entre o brilho frio das telas e o calor dos olhares. De um lado, o Arizona, com sua ousadia tecnológica, inaugurava uma escola onde a inteligência artificial assumiria o papel de mestre, guiando alunos do quarto ao oitavo ano em jornadas de aprendizado personalizadas. Do outro, Leopoldina, uma cidade mineira que imagino pacata e aconchegante, decretava a proibição de celulares nas salas de aula, um retorno deliberado ao analógico, ao encontro face a face.

A notícia da Unbound Academy, com seus softwares e algoritmos prometendo uma evolução 2,6 vezes mais rápida e um desempenho 6,5 vezes superior, me remeteu a um episódio singelo, mas profundamente significativo. Lembrei-me de Maria, uma aluna do quinto ano, com seus cabelos cacheados e um sorriso que iluminava a sala. Certa vez, após acertar uma sequência complexa de exercícios de matemática no tablet, ela me olhou com uma expressão melancólica e disse: "Professor, o tablet não me abraça quando acerto a conta". A frase, simples e direta, ecoa em minha mente até hoje, como um lembrete constante da importância do toque humano, do afeto, na educação.

Enquanto a IA no Arizona analisava respostas e oferecia "dicas emocionais" – uma expressão que me soa quase como um oxímoro –, imaginei Maria buscando o meu olhar, um sorriso de aprovação, um gesto de carinho. Pensei nos momentos em que, juntos, superamos dificuldades, nas dúvidas compartilhadas, nas conquistas celebradas com entusiasmo. Será que um algoritmo, por mais sofisticado que seja, seria capaz de proporcionar o mesmo?

Em Leopoldina, a decisão do prefeito soava como um contraponto necessário a essa onda tecnológica. A proibição dos celulares em sala de aula não me pareceu uma atitude retrógrada, mas sim um gesto de resistência em defesa de um aprendizado mais humano, mais conectado com o presente. Acredito que a tecnologia, quando utilizada sem critério, pode se tornar uma distração constante, um obstáculo à concentração e à interação entre alunos e professores.

Entre a promessa de um futuro automatizado e a busca por um retorno às origens, me encontro refletindo sobre o papel da educação em nossa sociedade. Acredito que a tecnologia pode ser uma aliada valiosa, oferecendo recursos inovadores e personalizados. No entanto, ela jamais poderá substituir o professor, o mediador do conhecimento, o guia que acompanha os alunos em sua jornada de aprendizado. A educação é, antes de tudo, um encontro humano, um ato de amor e de partilha. E esse encontro, essa troca, esse afeto, não podem ser traduzidos em linhas de código.

Que possamos encontrar um equilíbrio entre o brilho das telas e o brilho dos olhares, para que a educação continue sendo um farol a iluminar o futuro da humanidade.

Como um professor de sociologia do Ensino Médio, elaborei 5 questões discursivas sobre o texto apresentado:

1. O texto contrapõe duas realidades educacionais distintas: uma escola no Arizona que utiliza inteligência artificial e uma cidade em Minas Gerais que proíbe o uso de celulares em sala de aula. Explique como essas duas abordagens representam diferentes concepções sobre o papel da tecnologia na educação.

2. A narrativa menciona a frase de uma aluna: "Professor, o tablet não me abraça quando acerto a conta". Analise o significado dessa frase no contexto da discussão sobre a humanização do ensino e a presença do afeto na relação entre professor e aluno.

3. O autor questiona se um algoritmo, por mais sofisticado que seja, seria capaz de proporcionar as mesmas experiências de aprendizado que um professor. Discuta os limites da tecnologia na substituição do papel do professor como mediador do conhecimento e facilitador da interação humana.

4. A decisão da cidade de Leopoldina de proibir celulares em sala de aula é apresentada como um "retorno ao analógico". Avalie os possíveis impactos dessa medida no processo de ensino-aprendizagem, considerando tanto os aspectos positivos quanto os negativos.

5. O texto conclui com a ideia de que a educação é, antes de tudo, um "encontro humano, um ato de amor e de partilha". De que maneira essa concepção se relaciona com os desafios e as possibilidades da educação na era digital?