PAREM ESSE AVIÃO !!!

PAREM ESSE AVIÃO !!!

A expressão poderia constar de recente crônica de uma jovem jornalista de SP, "estreando" nas páginas do Diário do Pará e, claro, é cena de cinema, na vida real ninguém consegue parar 1 avião nem se pondo na frente dele, como fez o rapaz chinês lá na Praça Celestial, há uns 50 anos. Afinal, as turbinas produzem um zumbido de 500 ou 800 decibéis e os gritos do namorado sonso não seriam ouvidos. Rememorando o filme, o jovem só muito tarde descobre (?!) que amava a moça que ele tantas vezes esnobou e humilhou. Na minha opinião nem seria digno dela !

O teor do texto da jornalista Laura Vasconcelos -- "Teste do Aeroporto", in Diário do Pará de 13/dez. 2024 -- vem de encontro ao do polêmico Dalton Trevisan que, já em 1994, "rasgou os véus" da traição de "Capitu", que um país inteiro recusava ver, declaração enfática que outro jornalista, Elias Ribeiro Pinto, desencavou agora do livro "Dinorá". Ah, Dinorah, Dinorah... se avião houvesse nos tempos da sapeca Capitolina o frouxo (e "fresco") Bento não correria atrás dele, pois gostava mesmo era do amigo Escobar, seminarista. Entrou a contragosto no Convento, clausura, para privar da companhia do sujeito. Chegou a "jogá-lo nos braços" da mãe só para tê-lo dentro de casa... a mãe recusou o assédio despropositado.

O livro de 126 capítulos (dois por página, um assombro !) tem menos de DEZ a citar o casal, digo, o par, que de romântico não tinha nada. "Dom Casmurro" nem pode ser chamado de ROMANCE, o prélio amoroso praticamente inexiste em suas páginas. Salvo engano, ainda crianças, "Capitu" rouba um beijo ao desajeitado Bento, ou sucede o inverso. Em seguida, este vai pro Seminário por ano e meio, sai de lá para uma faculdade de Direito por mais 4 ou 5 anos e, por volta dos 23 ou 24 anos, decide pedir a tal Capitolina em casamento... nesses 6 ou 7 anos a moçoila "sumiu" das páginas da obra e da vida do "banana" "Bentinho", ESTÉRIL (segundo Elias... de onde saiu isso ?!) e "fruta", "enrustido" ou "invertido", a meu ver, termos usados na época. (*1)

"Brochou" durante a lua-de-mel que seria de uma semana, na floresta da Tijuca, porém não durou nem 3 dias. No fim do livro, atormentado pela semelhança do filho com seu amado amigo, se prepara para envenená-la. (Pronto, poupei ao leitor ter que ler o calhamaço !) A "corna" Sancha -- também ciente que sua melhor amiga (BFF) "se deitara" com o malandro Escobar -- sugere com os olhos (?!) "dar o troco" na dupla traiçoeira. "Bentinho" prefere "não sair do armário" e nem ter um momento de macheza, numa vida de lamúrias. Continuo sem entender o que tantos veem nessa estória, a qual Machado estica mais do que pirulito "puxa-puxa", enfiando nela inúmeros "pequenos causos" que nada têm a ver com os 3 personagens, 4 se incluirmos a mãe do "coisinha".

Como representação do TALENTO do escritor -- genialidade (?!) segundo muitos -- prefiro "Helena", "A mão e a Luva" ou mesmo "Esaú e Jacó", apesar da repetição do tema, o da jovem disputada por 2 amantes. "Esqueçam Dom Casmurro"... se quiserem 1 conselho !

"NATO" AZEVEDO (em 15/dez. 2024, 21hs)

OBS: (*1) - em plena "Era da Comunicação", no Séc. 21, já não se pode FALAR ou escrever certas coisas, ainda que sobre personagens DE FICÇÃO. É a "modernidade do atraso" !