Laços de Wi-Fi Versus Laços Humanos

Há um silêncio estranho que ecoa no ar. Não é o silêncio das noites estreladas ou o da manhã que desperta. É o silêncio que paira entre pessoas sentadas lado a lado, mas separadas por telas brilhantes. Já não se ouve o som de risadas compartilhadas, de histórias contadas ou de discussões acaloradas — foi tudo substituído pelo suave deslizar dos dedos sobre os smartphones.

O advento das redes sociais e dos dispositivos de alta tecnologia trouxe o mundo para as pontas dos dedos. Facebook, Instagram, TikTok, e uma infinidade de aplicativos, transformaram-se em janelas para realidades infinitas. Mas, em troca dessa conexão virtual, parece que estamos perdendo algo essencial: a conexão humana.

Dentro de muitas casas, a cena se repete. Famílias reunidas ao redor de uma mesa não compartilham olhares, mas notificações. As conversas foram trocadas por emojis, e os abraços cederam espaço a curtidas. Filhos aprendem sobre o mundo através de influenciadores digitais, enquanto os pais assistem às cenas da vida real se dissolverem em pixels.

E, em meio a essa aparente conexão, surge um vazio. Um vazio que leva à depressão, à rebeldia, à delinquência. Jovens são moldados por padrões inalcançáveis de beleza e sucesso que veem nas redes, alimentando frustrações. Pais se veem incapazes de competir com os apelos incessantes das telas. A escola, por sua vez, torna-se palco de uma batalha entre educação e distração.

Mas seria justo culpar as tecnologias? A resposta talvez não seja tão simples. As ferramentas, por si só, não têm intenções. Elas apenas refletem os usos que lhes damos. O problema talvez resida em como as utilizamos e, mais importante, em como esquecemos de ensinar — e aprender — a equilibrar.

Conviver com a tecnologia exige um delicado ato de balanço. Não é sobre demonizar as redes ou renunciar aos smartphones, mas sobre redescobrir o valor de estar presente. Significa ensinar aos filhos que o mundo é mais bonito visto a olho nu do que através de uma lente de celular. Significa reservar momentos para conversas despretensiosas, para risadas que ecoam e para histórias que não precisam de registro.

Afinal, o Wi-Fi pode conectar dispositivos, mas são os laços humanos que conectam corações. Cabe a nós escolher quais conexões queremos priorizar. Porque, no fim das contas, nenhuma curtida ou notificação vale mais do que um “eu te amo” dito ao vivo, olhando nos olhos.

Sandro Almeida
Enviado por Sandro Almeida em 05/12/2024
Reeditado em 06/12/2024
Código do texto: T8212746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.