A polêmica sobre o fim da escala 6 x 1
A polêmica sobre o fim da escala 6x1
A indústria, o comércio, serviços e construção civil, áreas da saúde, hotelaria e turismo, entre outros, como sobreviveriam se não fossem os seus colaboradores? Trabalhadores que para manter seus empregos e sobrevivência submetem-se a jornadas exaustivas de trabalho, que a médio e longo prazo podem desencadear tanto problemas físicos quanto psicológicos.
E é sobre isso que uma PEC (proposta de emenda complementar) apresentada pela deputada Erika Hilton do PSOL de São Paulo tem gerado discussão e discussões tanto entre empresários quanto entre trabalhadores.
A proposta visa mudanças na jornada de trabalho estabelecida hoje no Brasil, cuja, é de seis dias trabalhados e um de descanso.
O projeto ganhou as redes sociais e levou milhares de trabalhadores para as ruas de muitas cidades brasileiras, no feriado do dia 15 de novembro.
É claro que enquanto os trabalhadores lutam pelo fim dessa escala muitos empresários se posicionam contra o projeto, alegando maiores custos e possíveis demissões, o que pode prejudicar a economia do país.
Mas, não é bem assim. Quem já trabalhou nessa escala ou até mesmo mais que isso, incluindo domingos e feriados a fim de aumentar a renda no final do mês, sabe o quão desgastante é, além disso, a falta de tempo reivindicada não é apenas para descanso.
Nas grandes Metrópoles principalmente, trabalhadores precisam pegar até três transportes para se deslocar até o local de trabalho, o mesmo para voltar para casa, são horas dentro de ônibus ou trens, 6 dias por semana saindo de casa muitas vezes pela madrugada e retornando após as 22 horas. Para quem tem família os momentos em que podem estar juntos são raros. Para as mulheres é ainda mais desgastante, pois, precisam usar o único dia de folga para realizar seus afazeres, muitas vezes acumulados por falta de tempo e claro pelo cansaço.
Muitas coisas vão sendo deixadas de lado, o laser, a interação e confraternização com a família, os estudos, os sonhos, a vida, que parece passar ainda mais depressa.
Essa escala exaustiva de trabalho tem afetado a saúde física e mental dos trabalhadores. Bornet, depressão, dores no corpo, síndrome do pânico, ansiedade, depressão pós-traumática, são alguns dos problemas de saúde apresentados por eles. Isso gera um custo alto para os profissionais e também para os empregadores, visto que, levam-nos a ter que faltar ao trabalho por meio de atestados médicos e até mesmo se afastar por tempo indeterminado.
Essa visão de que o fim da escala 6x1 pode afetar de forma negativa a economia talvez seja uma pouco exagerada e um tanto egoísta, afinal, se por um lado empresários terão que fazer novas contratações por outro haverá mais pessoas empregadas, portanto mais circulação de dinheiro, logo a economia tende a melhorar. Inclusive, para esses trabalhadores. Com um dia a mais de folga, sem diminuir sua remuneração, com certeza não será usado apenas para descansar. Usemos como exemplo os feriados prolongados que por sinal também são muito criticados pelo mesmo motivo, a economia. Mas, será que é mesmo tão prejudicial assim, já que no último dia 15 de novembro muitas rodovias do país registraram longos congestionamentos de pessoas se deslocando para passarem o feriado em outras cidades, litorâneas e também interior. Para isso é preciso ter tempo e também dinheiro, já que essas pessoas vão precisar de hospedagem, alimentação , muitas procuram também por descanso em lugares mais tranquilos e algumas diversão longe de suas casas. Mas enquanto alguns podem aproveitar, outros estarão trabalhando durante todos esses períodos. Provavelmente seria assim se a PEC fosse aprovada.
Com o fim da escala 6x1, mais pessoas terão oportunidade de programar um final de semana em algum lugar que desejam conhecer, pessoas que querem se qulificar profissionalmente terão mais tempo para estudar, fazer um curso de aperfeiçoamento, entre outras coisas que gostariam de fazer, como o simples fato de poder conviver mais com suas famílias.
Tudo que envolve a economia envolve o trabalhador, até mesmo as férias anuais dos seus patrões, as viagens a trabalho ou a passeio, os finais de semana que muitos usam para aprimorar seus conhecimentos em relação a função das suas empresas. O crescer e o enriquecer do patrão também depende do funcionário que está lá, para segurar as pontas em todos os momentos.
As tecnologias de ponta são novidades cobiçadas por empresários de qualquer setor, porque mudanças em relação ao trabalhador são sempre vistas como prejudiciais?
É preciso coragem para abraçar o novo, como pode-se dizer que não vai funcionar sem sequer experimentar, testar, como muitos países vêm fazendo e diga-se de passagem, sem ter causado prejuízo algum a suas economias, muito pelo contrário.
Muitos já provaram que o trabalhador com mais tempo para se dedicar às suas próprias demandas trabalha mais, feliz, tem um rendimento muito melhor, adoece menos.
É um tema que deve ser discutido, aliás, um bom empregador e um bom colaborador sempre devem estar abertos a negociações. Simplesmente dizer que não dá, apenas comprova mais uma vez que vivemos em um país que não valoriza quem realmente faz ele crescer.
A vida além do trabalho não pode ser um direito apenas de quem contrata,mas também de quem é contratado. O desejo de crescimento não pode ser apenas no que se refere a economia, deve ser uma conquista também das pessoas que trabalham para que ela cresça.