DISSABORES DE METRÓPOLES

Nessa história vou devanear sobre esse vai e vem contínuo de veículos nas grandes metrópoles, que a noite projeta incontáveis e brilhantes pontos vermelhos e estáticos no horizonte a sua frente, enquanto na mão oposta, variada gama de variações do branco projeta clarão na sua retina, não importando a tipologia do veículo, coletivos ou particulares.

Não sei se isso já passou por sua cabeça, mas lembro que nos meus tempos de estudo, e mais adiante, no longo período que todos passamos na labuta diária, décadas a fio, dificilmente circulava fora daqueles horários definidos como rush matinal e vespertino, exceção da hora do almoço, que também acabava gerando reforço no fluxo de motoristas e pedestres pela cidade.

Nas raras vezes que circulei no período comercial, mesmo fazendo força, infelizmente não conseguia entender o porquê de tantas viagens e pessoas nas ruas. O que tanta gente estava buscando no horário comercial?

No passado, lembro que em viagens para cidades turísticas, tanto serranas, como praianas em finais de semana, ou feriados prolongados, apenas pistas voltadas para uma direção registravam fluxo mais consistente, as outras invariavelmente permaneciam literalmente as moscas.

O tempo passou na janela, e hoje não existe mais essa diferenciação tão clara, muitas vezes ambas as direções vivem concomitantemente fluxos muito próximos.

Esse final de semana, por exemplo, fiz o deslocamento RIO X Guapimirim, e tanto no sábado pela manhã quando me dirigia ao destino, como no retorno de domingo ao final da tarde, tanto BR-040, quanto BR-116 conviviam como fluxo similar, independente da direção.

Mesmo nas principais artérias do RIO está havendo verdadeira quebra de paradigma, até bem pouco tempo atrás, corredores de acesso à cidade engarrafavam apenas no rush matinal, gradativamente perdiam força assim que se aproximava das dez horas da manhã.

Outro dia, mesmo passando das doze horas entrei num congestionamento que consumiu praticamente duas horas para chegar a casa, na ida, com pouco movimento não gastei vinte minutos.

Claro, que pode se associar esses engarrafamentos ao crescimento da frota de veículos, mas isso só, não conseguiria explicar esse fenômeno completamente.

Outro fator a dificultar o fluxo dessas artérias de trânsito urbano se constitui na impossibilidade de se abrir novas vias, enquanto a frota não pára de crescer. Por outro lado, sucessivos governos nunca pensam nas melhorias que poderiam impactar na melhoria dos transportes de massa, cada vez mais relegados ao abandono.

Nessa cidade os trilhos do Metrô não recebem ampliação há muito tempo, o serviço de barcas permanece restrito em destinos e obsoleto, enquanto os três ramais dos trens se mantêm inoperantes e ociosos por falta de investimentos e tarifa incompatível com um transporte de massa.

Quando teremos um governador que efetivamente se comprometa em devolver à cidade capacidade de se deslocar com eficiência e qualidade.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 25/11/2024
Código do texto: T8205026
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