O Fio da Discórdia a Ganância e a Guerra - II

Era mais um dia em que o mundo amanhecia sob a sombra de notícias que fazem tremer as bases da paz — ou o que restava dela. O presidente Joe Biden, de cabelos brancos e passos lentos, deu seu aval para que mísseis de longo alcance, daqueles que carregam em si o poder de riscar cidades do mapa, fossem entregues à Ucrânia. Um gesto ousado, mas carregado de consequências.

Enquanto isso, em outro canto do globo, Vladimir Putin, com seus olhos de águia e postura de quem nunca se curva, revisava ameaças que já havia feito. Ele não falava em metáforas. Se o Ocidente ousasse cruzar certas linhas, a resposta viria não em discursos, mas em cogumelos nucleares que poderiam engolir continentes.

Nos bastidores dessa guerra de egos e interesses, uma verdade cruel: os que apertam botões e assinam decretos jamais sentirão na pele o calor do desastre. Biden, em sua sala oval, não precisa olhar para as ruas onde seus compatriotas morrem a céu aberto, perdidos em um ciclo interminável de pobreza, vícios e abandono. Enquanto bilhões de dólares são destinados à guerra, nos becos de Los Angeles, Filadélfia e outras cidades americanas, o “povo zumbi” luta por mais um trago, mais uma dose, mais um dia.

O paradoxo é claro. Os fabricantes de armas, com seus ternos caros e mesas de reuniões cheias de gráficos ascendentes, comemoram cada novo acordo. Para eles, a guerra é um negócio. Cada míssil lançado, cada tanque vendido, é lucro que vai direto para suas contas bancárias. Quem se importa com o homem comum, que mendiga um pão ou um teto?

Do outro lado do tabuleiro, a Rússia também não joga com as cartas da compaixão. Putin sustenta uma narrativa de defesa e soberania, mas seu povo enfrenta sanções que sufocam a economia e vidas que são oferecidas ao altar da geopolítica. É um jogo sujo, onde todos perdem, exceto os que fabricam o tabuleiro e vendem as peças.

E assim, seguimos. O mundo com o dedo no gatilho, ameaças trocadas em discursos que alimentam manchetes, e uma humanidade que, ironicamente, parece cada vez mais desumana. No fundo, é isso: uma guerra que não é pelo povo, mas apesar dele.

O fio, esse mesmo que une as nações, parece mais frágil do que nunca. Se romper, será que alguém terá tempo de lamentar? Ou será que estaremos todos ocupados contando os minutos para o fim do mundo?

Sandro Almeida
Enviado por Sandro Almeida em 17/11/2024
Reeditado em 17/11/2024
Código do texto: T8199032
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