Crônica:
- A Incansável Guerrilheira do Sertão.
- Arqueóloga Niède Guidon.
- No sertão quente e silencioso do Piauí, uma mulher chamada Niéde se transforma em uma espécie de guerreira solitária.
- Aos poucos, o peso dos anos se torna evidente nas articulações cansadas e no coração inquieto, mas a paixão pelo Parque Nacional Serra da Capivara ainda pulsa com força.
- Ela se apega ao parque, como um velho amigo do qual não se consegue despedir, enquanto a solidão e o tédio lhe fazem companhia.
- É estranho pensar que Niéde, uma mulher que desafiou governos e burocracias, agora fala em se retirar, se afastar desse pequeno canto do mundo que ajudou a moldar.
- Mas quem pode julgá-la?
- Não há cinemas, nem shows, nem aquelas pequenas distrações que tornam os dias mais leves.
- É o peso da responsabilidade e da falta de apoio que se tornam insuportáveis.
- Ainda assim, a velha guerreira, em seu último suspiro de revolta, brinca com uma solução radical: "tocar fogo" em Brasília, numa tentativa de sacudir as estruturas que não lhe deram resposta.
- Aqui, no coração do sertão, Niéde simboliza a teimosia dos que não se rendem.
- E, como todo grande herói, seu maior desejo é deixar um legado.
- Mas ela sabe que o desafio é grande.
- As novas gerações, talvez, não tenham a mesma paixão, a mesma disposição.
- E assim, entre um sonho e uma realidade dura, ela fica.
- Porque desistir seria morrer.
Vídeo ilustrativo - youtube:
https://youtu.be/VLXlQGibMOU?si=83gj-Ni0O3bWfW1W
Miniconto
- Niéde já tinha se despedido do parque tantas vezes, mas sempre voltava.
- Nas noites quentes de São Raimundo Nonato, era só o parque que conseguia lhe trazer algum consolo, mesmo que silencioso.
- Ela, finalmente, resolve partir para a maison de retraites, pensando na calma de Paris.
- Mas, ao ver as pedras ancestrais uma última vez, sente uma dor lancinante.
- No voo, já sobre o oceano, recua.
- Retorna no primeiro avião.
- Entre as rochas e a poeira do sertão, ela enfim encontra sua paz — ou o que resta dela.
- Dez Trovas sobre Niède:
1.
Lá no sertão eu a vejo,
solitária no cansaço.
Mas o parque é o seu beijo,
amor velho, forte laço.
2.
Com o céu que tanto abraça,
seu olhar em esperança.
A saudade nunca passa,
mas não morre a lembrança.
3.
No parque, sua morada,
um legado a conservar.
Velha alma apaixonada,
nunca pensa em descansar.
4.
A solidão lhe consome,
mas o amor é maior.
Chama quente que não some,
mesmo ardendo em grande dor.
5.
Ali, entre pedras frias,
seu coração faz morada.
Longe das melancolias,
a velha Niéde amada.
6.
O sertão, tão ressequido,
tem a alma de quem fica.
Pelo parque, seu abrigo,
ela luta e se sacrifica.
7.
Paris parece tão bela,
mas não tem o mesmo ardor.
É no parque a sua cela,
onde encontrou o amor.
8.
Se um dia partir do mundo,
o sertão lhe será abrigo.
Fica o grito mais profundo,
do amor que não há amigo.
9.
Seu suspiro já cansado,
mas a paixão não cede.
Um legado aqui deixado,
por uma alma de Niéde.
10.
Quem vier depois que venha,
mas com garra e com amor.
O sertão nunca se acanha,
e ela luta até o torpor.
Resenha
1. Localização e Conflito: A crônica descreve a luta de Niéde no sertão do Piauí, onde ela se encontra isolada e sem recursos para manter o Parque Nacional Serra da Capivara.
2. Solidão e Sacrifício: Sem herdeiros e amigos próximos, Niéde vive para o parque, enquanto a falta de estrutura na cidade lhe traz desgosto e solidão.
3. Problemas com o Governo: Brasília, descrita como "ruim de dar respostas", representa a burocracia e a falta de apoio que Niéde enfrenta ao tentar preservar o parque.
4. Desejo de Retirada: Ela pensa em se mudar para um asilo na França, uma saída melancólica que revela o desânimo profundo de uma mulher que dedicou sua vida a uma causa.
5. Força Interior: Mesmo em meio ao cansaço, Niéde brinca com a ideia de "tocar fogo" em Brasília, mostrando sua eterna rebeldia.
6. Herança e Legado: A maior angústia de Niéde é não saber quem dará continuidade ao seu trabalho, preocupando-se com o futuro do parque.
7. Simbolismo da Persistência: Niéde é a personificação de uma luta contínua, de uma pessoa que, mesmo exausta, resiste em abandonar o que ama.
8. Contraste de Paisagens: O sertão, com toda sua dureza e calor, contrasta com a tranquilidade e a frieza da casa de repouso na França, ilustrando a divisão interna de Niéde.
9. Humor e Ironia: A crônica também traz uma pitada de humor ácido na sugestão dela de incendiar Brasília, uma metáfora para a indignação contra o descaso governamental.
10. Mensagem Final: Niéde é uma guerreira que talvez não encontre quem a substitua, mas sua luta permanece como um chamado para aqueles que possam seguir seus passos.
Conclusão
- Niéde vive no limite entre o amor e o cansaço, resistindo, como tantas outras almas, ao peso de uma luta solitária e ao desejo de deixar um legado.
- O sertão é seu lar, e o parque, seu coração. Ela é mais do que uma guardiã de rochas e fósseis — é uma sentinela de uma paixão que, por mais desgastada, não se extingue.
- É uma reflexão sobre o que deixamos para trás e o que carregamos até o fim, até a última picada do mosquito.
(By: #Lbw-IA, Pirahystrasse, Oma, Beckhauserparadiesecke, Joinville-SC, em 17 out/2024, quinta-feira.)
- Veja o vídeo:
https://youtu.be/VLXlQGibMOU?si=83gj-Ni0O3bWfW1W