Filme Idiocracia e Bolsonarismo: A Distopia Onde a Ignorância Vira Virtude
Texto remetido aos 1,7 milhões de eleitores de Pablo Marçal em 2024.
Em 2024, ao assistir "Idiocracia", de Mike Judge, a sensação de desconforto que nos assola é inevitável. O filme, que deveria ser uma sátira exagerada, parece mais um espelho da realidade do bolso-Marcismo no Brasil, um movimento político que, como no filme, transformou a burrice e a estupidez em virtudes.
"Idiocracia" apresenta um futuro onde a ignorância se tornou norma, e líderes inaptos governam sem o menor pudor. No Brasil de 2024, vemos algo semelhante com a ascensão de Pablo Marçal e Bolsonaro, onde a desinformação e a negação científica encontraram terreno fértil. O presidente dos EUA no filme é um ex-ator pornô e lutador de telecatch, uma caricatura bizarra de uma liderança despreparada. E o que vemos na política brasileira? Um líder que, com desprezo pelas instituições democráticas e pela ciência, transformou seu governo (entre 2019 -2022) em um espetáculo grotesco, onde as redes sociais e o entretenimento de baixo nível ditam as pautas do país.
No filme, a água potável é substituída por isotônicos de uma grande corporação, resultando em uma catástrofe ambiental. No Brasil, o bolsonarismo desmantelou a política ambiental, permitindo a destruição da Amazônia e o avanço do desmatamento, tudo sob uma lógica de lucro imediato, desprezo pela sustentabilidade e o incentivo de uma economia predatória.
A idiotização da sociedade que o filme de 2006 previa parece estar se concretizando diante de nossos olhos. A política, como em "Idiocracia", foi reduzida a um reality show. Em 2024, o bolsonarismo representa essa inversão de valores, onde a banalização da violência, a exaltação da ignorância e o machismo são glorificados. Líderes não eleitos por suas capacidades, mas por sua habilidade em transformar as crises em entretenimento, jogando com as emoções e preconceitos de seu público.
Como no filme, a própria crítica e a capacidade de reflexão se tornam cada vez mais raras. O espaço para o debate é tomado por gritos e memes, enquanto o bolsonarismo se apropria das redes sociais para espalhar desinformação em massa, exatamente como na distopia de Mike Judge. Os comediantes se tornaram presidentes, e o que deveria ser uma sátira exagerada se tornou uma realidade política, onde qualquer noção de competência ou inteligência foi lançada ao esquecimento.
"Idiocracia" foi profético, mas o bolsonarismo o tornou ainda mais assustador. Como chegamos a esse ponto? A resposta talvez resida no que o filme alertava: quando a estupidez é exaltada, o futuro se torna uma distopia onde a ignorância governa e a inteligência é silenciada.