O Espelho da Ignorância, a Polarização e a Manipulação
Vivemos em um mundo de fantasias polarizadas. O que antes parecia ser um horizonte de ideias diversas, hoje se dissolve em extremos, distorções e ilusões cuidadosamente alimentadas por algoritmos e discursos. As redes sociais, que um dia foram vistas como o palco da democratização da informação, se transformaram em arenas de manipulação e lavagem cerebral. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante. O analfabetismo funcional, esse espectro invisível que assombra milhões, acaba por formar uma população culturalmente, politicamente e espiritualmente ignorante.
Talvez o maior paradoxo esteja na liberdade que muitos acreditam ter. A maioria dos brasileiros, sem saber, se tornaram súditos de líderes autoritários e manipuladores, que mascaram a realidade com discursos inflamados. A direita, que tem governado desde o golpe de 1889, perpetua-se no poder com artimanhas que o povo, na sua ingenuidade, não consegue enxergar. A República nasceu de um golpe, da deposição de um imperador que, mesmo com seus defeitos, foi expulso com ameaças de morte à sua família. Desde então, o poder é mantido à força, seja por golpes explícitos ou por destruição de reputações e falsas narrativas.
O brasileiro comum acredita que liberdade é ser submisso a um tirano que, com mãos de ferro, privatiza, destrói direitos e entrega as riquezas nacionais ao capital estrangeiro. A história nos mostra que desde 1964, com o golpe militar, o salário mínimo foi esvaziado, e o abismo entre ricos e pobres se alargou. Antes disso, o trabalhador brasileiro tinha dignidade; o salário mínimo equivalia ao dos americanos, uma realidade impensável hoje. E o que restou para o povo? Uma ilusão de progresso, uma falsa segurança vendida por aqueles que lucram com a ignorância coletiva.
Essa ignorância, infelizmente, não é obra do acaso. É cultivada, regada e incentivada por aqueles que se beneficiam dela. Um povo que não sabe ler sua própria história, que não questiona suas lideranças, é fácil de controlar. Os extremistas que, ao perder no jogo democrático, não aceitam a derrota, sempre estarão prontos para mentir, deturpar e maquinar golpes. Para eles, a ignorância é uma arma, e o povo, prisioneiro de suas próprias fantasias, segue acreditando que a submissão é sinônimo de liberdade.
Vivemos tempos em que os maiores inimigos do povo não estão mais nos porões do poder, mas nas telas de seus celulares, nas redes sociais que moldam suas opiniões e determinam suas escolhas. A verdadeira liberdade começa com a educação, mas enquanto ela for negada ou distorcida, continuaremos prisioneiros desse espelho da ignorância, incapazes de enxergar o que está além da superfície.