Guia Definitivo do Eleitor de Marçal: Idiota Master ou Idiota Flex?

 

     Em tempos de eleições e polarizações, uma pergunta crucial se impõe sobre a nação: que tipo de idiota é você? Se o Instituto Veritá está certo, 30,9% dos paulistanos — habitantes da cidade mais rica da América Latina — já escolheram seu modelo de idiota predileto. O nome? Pablo Marçal, um sujeito que parece ter saído diretamente de um reality show político onde o prêmio final é o caos.

 

     Vamos começar pelo tipo mais puro: o “Idiota Master”. Esse é o idiota raiz, a versão original de fábrica, aquele que mal consegue decifrar o letreiro do ônibus, mas segue firme em sua convicção de que Marçal é a solução. Por quê? Talvez porque a palavra "idiota" seja muito parecida com "ideia" na mente deles, e eles acreditam, com toda a força de sua desinformação, que Marçal tem ideias — mesmo que sejam ideias de jerico. O Idiota Master se perde no próprio bairro e acha que se perder na vida é o destino natural de todos, desde que seja pela liderança de alguém igualmente perdido. São 20,9% da população, segundo as estatísticas. Se fosse uma pesquisa de boteco, o resultado seria igual, mas com menos casas decimais e mais chope derramado.

 

     E então, temos o “Idiota Flex”, representando um corajoso grupo de 10% do eleitorado. Este é um idiota de mente aberta, que sonha ser um pilantra bem-sucedido. Não se engane: o Idiota Flex não admira apenas o candidato, mas o projeto de vida. É o tipo que se imagina na capa de uma revista de negócios, mesmo que a matéria seja sobre golpes bancários aplicados na própria avó. Para o Idiota Flex, Marçal é mais do que um candidato: é uma inspiração, um mentor espiritual do mundo da malandragem. O Idiota Flex quer o mesmo futuro brilhante e nefasto, onde ele possa finalmente se dar bem, mesmo que à custa de toda uma cidade. É o tipo de eleitor que, ao ouvir sobre um novo esquema de pirâmide, não pergunta "isso é legal?", mas sim "como eu entro?".

 

     Agora, alguém pode se perguntar: por que Marçal, esse autoentitulado gênio da autossabotagem, encontra eco entre tanta gente? Porque a lógica é simples e cínica: num país onde a educação não liberta, como alertou Paulo Freire, muitos preferem oprimir antes que sejam oprimidos. Não é que o brasileiro médio seja um otário de carteirinha, mas ele certamente quer o direito de ser, se isso significar subir um degrau nessa escada doida de sonhos e desejos mal informados.

 

     O problema é que Marçal, além de inimigo das regras do jogo democrático, é um inimigo da gramática da sensatez. Ele não merece ser banido porque fala asneiras ou é um reacionário asqueroso. Isso, convenhamos, é critério de adesão em certos círculos. Marçal deve ser removido porque é um criminoso condenado, um malfeitor eleitoral em série, e uma afronta ao conceito de honestidade pública — algo que, ironicamente, ele alardeia em suas lives como se fosse um influenciador fitness prometendo milagres em 30 dias.

 

     Mas, voltemos aos nossos tipos de eleitores. Porque a ascensão de figuras como Marçal, ou o sempre presente Bolsonaro, não é obra de um país repleto de idiotas, mas de um país em que as lideranças sabem manipular os desejos mais baixos e secretos de um povo cansado de apanhar. Afinal, quem não quer sair do jogo como vencedor, ainda que de um cassino de má reputação?

 

     Por isso, a pergunta não é mais "que tipo de idiota é você?" A pergunta é: "Como você quer ser idiota hoje?" Porque, no Brasil de 2024, o único passaporte para o sucesso parece ser mesmo um certificado de burrice, autenticado em três vias e com firma reconhecida pelo cartório da desesperança.

 

Jeferson Santos Albrecht
Enviado por Jeferson Santos Albrecht em 28/08/2024
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