A VIZINHA E O RATO
Marcos era apaixonado pela vizinha de frente, Jackeline. Por ser tímido, a única coisa que conseguia fazer era dar um acanhado bom dia toda vez que saía para ministrar aulas de Física em uma escola local. Ele era muito bom em analisar e conversar sobre fenômenos físicos, mas era uma negação na relação interpessoal.
Um dia, ao sair para a escola, observou que a vizinha o esperava em frente ao portão. Sorrindo, ela disse bom dia, esperou ele responder, e lhe informou que tinha observado um rato subir e descer a escada que ficava na lateral da casa, levando diversas coisas para o cômodo de cima, provavelmente com a intenção de fazer um ninho. Marcos, distraído, observando a beleza daquela mulher, quase gaguejou ao responder que tomaria providências quando retornasse do trabalho, agradecendo pela informação.
O homem, após sair do trabalho, se lembrou de passar pela agropecuária para comprar uma armadilha, pois queria pegar o animal vivo e soltar em um lugar bem longe. O vendedor o convenceu a comprar um veneno que causava a morte instantânea do roedor, ao provocar trombose nos vasos sanguíneos, “o rato irá morrer e secar sem deixar cheiro, você nem vai ver!” afirmou o balconista.
Pagou caro pelo inovador produto. Chegou em casa, espalhou o veneno pela escada e na cobertura. Tranquilo, entrou em casa pensando na linda vizinha, cogitando a possibilidade de chamá-la para sair amanhã, já que era sábado.
Acordou cedo, com um barulho estranho rompendo o silêncio da manhã, parecendo gritos. Levantou-se e foi conferir. O som vinha da escada, e ao chegar, Marcos deparou-se com um rato deitado de lado, gritando em agonia. Entrou em choque! Trêmulo e emocionado, pegou um pedaço de madeira, e pedindo perdão ao rato, desferiu o golpe fatal, silenciando o agonizante bichinho. Largou a madeira, sentou-se no degrau de baixo e começou a chorar dolorosamente por ter sido obrigado a matar um animalzinho indefeso. Que tristeza!
Não conseguiu escutar o portão sendo aberto e nem os passos da vizinha aproximando-se, de tanto que chorava. Sentiu apenas o perfume e o abraço carinhoso daquela linda mulher que viera correndo acalentá-lo, depois de ver toda a cena pela janela. Ela passava suavemente a mão em suas costas, enquanto falava com voz confortadora, que tudo ficaria bem. Ajudou-o a se levantar e levou-o para dentro de casa, sentando o doce homem, ainda em estado de choque, no sofá.
A mulher saiu, recolheu o animal morto com o auxílio de um saco de lixo, jogou na lixeira da rua, lavou a escada e sumiu com o pedaço de madeira.
Retornou à casa do vizinho, que cochilava no sofá, ainda com os olhos molhados pelas lágrimas. Um homem sensível era tudo o que ela sonhava em sua vida! E a partir daquele instante, Jackeline decidiu não sair mais da vida daquele gentil homem!
Ambos vivem juntos e felizes! Quem dá fim aos asquerosos insetos e roedores quando aparecem na residência do casal, é a linda mulher!