Sei dizer não senhor

Sei dizer não senhor!

Cardoso I.

- sei dizer não senhor!

A voz ecoou dentro da cozinha, enquanto o cliente do outro lado do balcão insistia em fazer seu pedido.

- ok, já que não tem o prato de salmão, vou pedir massas! Traz pra mim o macarrão italiano.

Novamente a voz soltou a resposta afiada!

-sei dizer não senhor!

O homem achou aquilo tudo muito estranho, mas vai ver seria porque o restaurante estava em falta de alguns pratos salgados , talvez o cardápio do dia tenha esgotado cedo, pensou.

E teve uma nova ideia! Pediria um doce!

- doce! Sempre há doce após uma refeição. Um doce para adoçar a vida!

- quero um sorvete duplo com calda de chocolate e algumas camadas de baunilha em pó.

Um silêncio se prolongou até que foi recepcionado novamente pela mesma voz , com a resposta de sempre.

-sei dizer não senhor

Nesse instante, o homem se estressou e começou a xingar o estabelecimento. Não poupou adjetivos para desclassificar os serviços do estabelecimento. Quebrou alguns copos num surto de irá, virou mesas e cadeiras e espalhou os talheres pelo chão.

Agora estara vingado pelo péssimo atendimento, sorria enquanto saboreava a raiva solta.

Passado-se uns minutos e recuperado do surto, se recompôs. Foi então que Adentrou pela cozinha na expectativa de tirar satisfação com o dono da voz irritante, que nunca servia seus pedidos e que se quer tinha a noção de apresentar-se do lado de fora.

Adentrou sem exitar os passos.

Tal grande foi a surpresa que teve que, quase teve um ataque cardíaco.

O dono da voz mistériosa, aquele que o irritara durante todo o atendimento e que o fizera perder a cabeça, era na verdade um papagaio falante, daqueles treinados para repetir frases soltas ou que remendava seu dono.

A ave assustou-se quando viu o homem e gritava sem parar:

- sei dizer não senhor!

-sei dizer não senhor!

O homem quase teve um treco ao perceber o estrago que fez no restaurante e que provavelmente os cozinheiros haviam saído e esqueceram de por a placa na porta indicando que o estabelecimento estava fechado por algumas horas.

Aos prantos olhou para o papagaio!

Respirou fundo, enquanto refletia se o banco lhe cederia um empréstimo para pagar o prejuízo que causou.

Ivonoel cardoso
Enviado por Ivonoel cardoso em 19/12/2024
Código do texto: T8223019
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