GOLPE, OU CONTO DO PACO?
- "Cuidado com ele, muito cuidado!" - Disse, do seu celular, um general do Quartel General para um outro general que atuava no Palácio - "Esse cara não sabe nada de nada!"...
A advertência era para que o Comandante em Chefe das Forças Armadas não pronunciasse a palavra GOLPE, nem assinasse qualquer coisa parecida. Golpe (de Estado) é interpretado como delito grave, inserido entre os Crimes Contra as Instituições Democráticas (capítuo II do Art 359-M do Código Penal).
- "Se está entre as quatro linhas da Constituição e, mesmo assim, ele falar em GOLPE, então o Ministro de Estado da Defesa, que exerce a direção superior das Forças Armadas e é, ao mesmo tempo, guardião da Constituição, pode dar-lhe uma Ordem de Prisão".
- "Sim, eu sei! Tudo isso o quartel nos ensina, mas o problema é que ele passou quinze anos como tenente e nunca aprendeu! E agora, fazer o quê?!"
- "Diz só pra ele tirar a palavra GOLPE do dicionário dele, aí tá tudo resolvido".
- "Ah, já sei! Então eu vou dizer pra, em vez de GOLPE, ele dizer FACADA, que não deixa de ser um GOLPE, não!? Aí, vai ser engraçado, em vez de GOLPE vamos dar uma FACADA DE ESTADO!...
- "Não, por amor à nossa farda, não fale em FACADA nem de brincadeira, senão esse pulha vai ser eleito de novo! Não viu, em 2018, como foi fácil enganar o povo!?"...
- "É... você tem razão, FACA nunca foi arma de nossas Forças Armadas! Nos quartéis o negócio é tiro, mesmo que alguns, vez ou outra, venham a sair pela culatra". - Desligou, então, o celular e começou a rabiscar na perna algumas sugestões de nomes para o GOLPE em andamento na caserna:
< TÁTICA;
< MANOBRA;
< SUBTERFÚGIO;
< ESQUEMA ARDILOSO;
< ESTRATAGEMA POLÍTICO-MILITAR
ou, por outra, como é pra ludibriar o povo (o lado mais fraco), o nome do "golpe" será:
< CONTO DO PACO.
(fernandoafreire.net)
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Obs.:
Conto do Paco: o mesmo que conto do vigário. Delito praticado
por vigaristas e facínoras. Paco - forma sintetizada de "pacote" -
é uma embalagem de papéis velhos, no formato de cédulas ban-
cárias, recobertos apenas por uma cédula verdadeira. Trata-se
de uma estratégia golpista para ludibriar os tolos e desavisados.
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