O ESCALDAR DO CARANGUEIJO

O ESCALDAR DO CARANGUEIJO

Por: Mario dos Santos Lima

Um coice na burocracia.

Muitas vezes, no mundo corporativo a procrastinação de uma atitude pode ser justificada por procedimentos que apenas engessam a ação.

Quem decide? A maldita procrastinação, no vai e vem da preguiça, do esquecimento ou por medo de não ser eficiente torna-se um verdadeiro looping onde a tomada de decisão regressa baldado para quem gerou a desordem. E assim lamentavelmente a desdita já tomou corpo. Segundo o adágio o macaco, guinchando regressa inócuo para o ombro de origem.

Por falar em macaco lembrei-me de uma história que nasceu cá na minha cachola. Pode não ser verdadeira, mas juro que foi isso que aconteceu.

A bicharada estava alvoroçada na floresta por conta de um acidente com um azougado crustáceo que em diabruras tantas acabou caindo num caldeirão com água em início de fervura.

O caranguejo já sentindo o calor da água clamava por socorro e chorava lágrimas frias para tentar esfriar a água.

A bicharada, em torno do recipiente, em fervorosa discussão arquitetavam um plano para a retirado do marisco do caldeirão.

Mas o processo tinha que passar pela aprovação da coruja.

A coruja chefiava o setor de salvamento de crustáceos em águas ferventes.

Ela recebeu o pedido, formalizado com muitas assinaturas obsecrando por socorro, mas filosofava idéias dizendo que mais tarde teria uma solução para o livramento do crustáceo da malévola água.

Que aguardassem! Sentenciou ela.

E a água já quase no ponto de fervura.

A cobra, o carneiro e o mosquito, apavorados foram pedir para a leoa, que era do setor de apagamento de fogo para ir urinar no fogaréu que com furor lambia o fundo do caldeirão;

A leoa se negou ao rogo justificando que estava no momento com a bexiga desabastecida e que precisava de um parecer da coruja.

Enquanto a bicharada apavorada resolvia como salvar o caranguejo ele, na panela gritava e clamava por socorro.

E a gritaria dos animais continuava na espera da ordem da coruja.

O impasse estava tomado.

O que dizia a lei maior dos animais: - “Que a coruja, ao tomar conhecimento do infortúnio deve expedir um comunicado autorizando a leoa mijar no fogo e o cavalo dar um coice na vasilha para que o macaco rapidamente pegasse a vítima e levasse para uma água mais próxima”

O macaco estava a postos.

O crustáceo cada vez mais cozido numa situação “moribúndica”.

O cavalo, que tinha sido admitido há pouco tempo não recebeu os devidos treinamentos; ignorou a lei; se posicionou dando tamanho coice no caldeirão que o crustáceo viajou por entre as folhagens indo se refrescar no pântano.

O crustáceo se salvou graças a eficácia do cavalo, mas que infelizmente não cumprindo com a eficiência do que reza a lei da bicharada foi imediatamente demitido, sem justa causa pela coruja.

Mario dos Santos Lima
Enviado por Mario dos Santos Lima em 22/11/2024
Código do texto: T8202716
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.