Salvador: terra do Jorge amado.

O meu primeiro contato com as belezas de Salvador começou com o motorista do aplicativo, quase cantei a música Meu ébano da Alcione para ele, mas, me contive, perderia o marido na hora. Ficamos em Rio vermelho, o local em que Jorge Amado e Zélia Gattai foram morar em 1960, o Salvador do Jorge Amado constitui-se de 83% de população afrodescendentes, é a cidade com maior população negra fora da África, palavras do nosso guia turístico. Enquanto, Porto Alegre possui 74% de população branca, poderia dizer que em termos de gentileza e sorrisos, também são opostos a Porto Alegre.

A Salvador que pareceu linda e acolhedora aos meus olhos possui uma extrema pobreza, lixo nas ruas, calçadas esburacadas com paradas de ônibus lotadas. Quando a luz do sol desaparece, há uma imensa escuridão, pois parece que os bairros possuem problemas de iluminação. Também há lugares com praias exuberantes que é aconselhável ir com guias turísticos devido aos assaltos que ocorrem mesmo durante o dia. Os baianos chamam as carnes de proteínas, possuem uma comida maravilhosa com gostos e cheiros fortes e indescritíveis que me fizeram emagrecer uns três quilos e vomitar várias vezes devido ao meu estômago fresco e minha mania de ser natureba

O bairro Pelourinho fica no centro histórico de salvador nos emociona do começo ao fim, foi lá que conheci a casa em que o poeta Boca do inferno Gregório de Matos viveu em que hoje, ironicamente, é a Federação Espírita do Estado do Bahia. O Pelourinho é um lugar de cultura e diversão, quase vi a Gabriela, Tieta do Agreste e Teresa batista andando com suas saias rodadas pelas ladeiras coloridas e cheia de vendedores ambulantes sorridentes. E lá está igreja de São Francisco de Assis que é considerada por especialistas em arte sacra como uma das mais imponentes da América Latina. Com interior revestido em ouro, o templo foi fundado no início do século XVIII. Não tenho religião, mas tive uma série de sensações ao percorrer aqueles espaços que retinham uma parte imensa da nossa história colonial

Por fim, volto-me ao Rio vermelho do meu Jorge amado e visitei a casa em que ele e Zélia Gattai viveram. Hoje, é uma memorial que preserva a casa, moveis, roupas, livros e rascunhos das escritas deles, também fazem palestras e cursos nesse espaço. Confesso, emocionei-me várias vezes ao ler os rascunhos das obras que li desde a minha adolescência. Nesse dia, voltamos a pé para centrinho do Rio vermelho e fomos à Praça de Santana onde tem uma estatua de Jorge, Zélia e o cachorrinho deles. Sentei-me ao lado do Jorge e o abracei, disse para a Zélia não ficar com ciúmes, pois o meu amor literário por ele era antigo vem desde adolescência quando tropeçava pelas ruas de Porto Alegre lendo a Tereza Batista cansada da guerra. Ela só piscou para mim.

Marisa Cardoso Piedras

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 14/11/2024
Código do texto: T8196849
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