Seje ou seja?
A professora, cansada dos frequentes erros de português na turma do 7º ano, escreve no quadro branco: “Reflexão do dia: seje NÃO existe; apenas seja.” Diante disso, Pedro Gabriel, intrigado com a frase, pergunta à professora (precisava demonstrar interesse pela matéria devido às notas baixas em suas últimas avaliações):
– Ô, sora , apenas seje o quê?
– Apenas SEJAAA …
– Mas o quê?
A professora, tentando não se zangar com o erro, abriu espaço na mente para compreender a complexidade do pensamento do garoto, que não se atentou apenas ao signo da palavra “seja”, mas sim a seu conteúdo. Possivelmente, a frase que escreveu no quadro provocou nele uma pergunta existencial sobre seu futuro como homem: “O que eu me tornarei?”. Assim, refletindo sobre a questão do aluno, ela respondeu calmamente:
– Bem, Pedro… Seja o que você quiser, o que você sonha, almeja na vida…
– Ahh sim, prof. Pois eu nem ligo, que seje.
(Crônicas de um cotidiano banal)