Desconfie
Você namora há um ano e três meses com uma moça. Você baba por ela, dá-lhe de tudo: são bombons, flores e outros presentes de maiores valores.
A coisa está ficando séria demais. Os planos dela são: casar, constituir família, ter filhos, casa, animal da estimação etc. Na sua cabeça isso são coisas do passado, ou melhor, dos seus antepassados.
Você se apavora, decide terminar o namoro dizendo que quer dar um tempo, ver se a ama de verdade e que se a falta dela falar mais alto, voltará e não a deixará nunca mais.
Tudo o que você não esperava, aconteceu. Sentiu sua falta como nunca tinha sentido. Teve necessidade de seus carinhos, seus beijos, seu lindo corpo, seu olhar, seu sorriso, suas palavras e seu belo rosto. Voltou e ela que o amava de verdade o aceitou de pernas, aliás, de braços abertos.
Ontem à noite ela o dispensou mais cedo porque estava com dor de cabeça. Você foi para casa com pena do sofrimento dela com a cefalalgia.
Hoje ela telefonou cedinho, o que não faz com frequência, para lhe dizer o quanto lhe amava, o quanto sentia a sua falta e que queria lhe ver logo após os seus compromissos com seu emprego.
Desconfie.
Pode até ser que tudo seja verdade, mas também pode ser que a consciência dela esteja pesada, pensando em outro, e que o peso da consciência dela passou para a sua cabeça.
Aroldo Arão de Medeiros
12/05/2006