A Saga das Reuniões Online: Gatos, Cortes de Internet e “Você Está no Mudo”
Há pouco tempo, reuniões eram aquelas ocasiões em que a gente sentava numa sala com café frio, PowerPoints intermináveis e aquele chefe que adora repetir o que todo mundo já entendeu. Mas tudo mudou com o “novo normal”. Agora, as reuniões migraram para o universo paralelo das plataformas virtuais, e o cenário corporativo se transformou em um verdadeiro show de stand-up involuntário. Quem diria que, de repente, a estrela das reuniões seria o seu gato?
Primeiro ato: Você se prepara. Camisa social, cabelo arrumado, anotações prontas... e pijama de ursinho por baixo, porque, convenhamos, conforto acima de tudo, né? Você se conecta, arruma o ângulo da câmera para não mostrar a pilha de louça acumulada atrás e espera. E aí começa o show.
Mal a reunião inicia e surge a primeira personagem: a Gata Felícia, que decide que é o momento ideal para desfilar na frente da câmera. Ela passeia pelo teclado, dá aquela rabada no microfone e, claro, aperta a tecla que desativa o som justo na sua vez de falar. A chefe pergunta sobre o projeto, você começa a discursar cheio de entusiasmo e... silêncio. “Você está no mudo!”, alguém avisa. E aí vem o momento constrangedor em que você, desesperadamente, tenta se desmutar enquanto a Felícia, triunfante, se esfrega no monitor como se estivesse em um desfile de moda.
Segundo ato: a luta contra o sinal da internet. No meio da reunião mais importante do mês, a sua conexão decide que é hora de brincar de esconde-esconde. E você, que estava super envolvido explicando a estratégia brilhante para o próximo trimestre, congela na tela numa expressão facial que parece uma mistura de medo e cólica. E o pior: a imagem trava bem no momento em que você está com os olhos esbugalhados e a boca semiaberta, parecendo mais um zumbi do que o profissional engajado que você gostaria de transmitir.
Alguém na chamada sugere: “Vamos esperar o Éric voltar...”. Você volta, mas a conexão resolve fazer a revanche e você cai de novo. E de novo. Até que um colega solidário decide assumir a explicação, mas o que era uma ideia de otimização do trabalho se transforma em um guia para tentar conectar o roteador. “Já tentou desligar e ligar de novo?” vira a frase mais ouvida.
Terceiro ato: o show de efeitos sonoros. Enquanto você finalmente consegue estabilizar a internet e tenta parecer sério novamente, a serenidade é interrompida por um som estrondoso: seu vizinho resolveu fazer uma reforma às 10h da manhã. Aquele ensurdecedor som de furadeira invade a sala virtual e todos na reunião olham para você com uma expressão que mistura compaixão e pavor. A sua tentativa de fechar a janela rapidamente, na esperança de abafar o ruído, só faz o gato se assustar e derrubar o copo de água em cima do teclado.
E, claro, tem sempre aquele clássico que já virou marca registrada das reuniões virtuais: a pessoa que fala por uns bons cinco minutos sem perceber que está no mudo. Todo mundo gesticulando e acenando desesperadamente na tentativa de avisar, enquanto a pessoa continua, sem perder o entusiasmo, gesticulando como se estivesse discursando no Oscar. Até que alguém, com um pouco mais de coragem, grita: “Seu microfone está desligado!”. A pessoa se assusta, se muta e se desmuta freneticamente, solta um “Ah, tá, é... Como eu estava dizendo...”, e recomeça o monólogo, já sem lembrar metade do que estava dizendo antes.
No final, você sobreviveu a mais uma reunião virtual. O gato dorme, a internet finalmente parece estável e você encerra a chamada com aquele alívio de quem saiu ileso de uma missão impossível. Mas, no fundo, você sabe: amanhã tem mais. E, quem sabe, na próxima vez o show fique por conta do cachorro do vizinho, dos filhos brincando de super-herói no fundo ou, quem sabe, da tartaruga da sua tia-avó passeando calmamente pela sala.
Porque, no final das contas, as reuniões online se tornaram um verdadeiro espetáculo imprevisível. E a única certeza que temos é que, onde há uma câmera ligada, há uma chance enorme de algo absolutamente inusitado acontecer.