Procrastinação: A Arte de Não Fazer Nada, Muito Bem Feita
A procrastinação é como um superpoder ao contrário: você pensa que está dominando o tempo, mas, na verdade, é o tempo que está rindo da sua cara. E eu sou um mestre nisso. Comecei o dia decidido a finalmente organizar meu home office. Mas, enquanto olhava para a pilha de papéis e cabos emaranhados, meu cérebro sussurrou: "Antes, um café." E lá fui eu para a cozinha.
Enquanto a água fervia, notei que a prateleira de temperos estava uma bagunça. “Ah, é rapidinho”, pensei. Quinze minutos depois, eu havia criado um sistema de organização dos potinhos por data de validade, aroma e cor. “Uau, sou um gênio!”, me parabenizei, mas esqueci completamente do café que esfriava sobre a pia.
De volta ao escritório, pronto para enfrentar a bagunça, meu celular vibrou. Era um vídeo de um gato tocando piano. Absolutamente imperdível. Depois do terceiro vídeo, decidi que aquele era o momento perfeito para “dar uma geral” nas redes sociais. Vinte minutos depois, eu já sabia o que o colega da terceira série tinha almoçado e que meu primo estava se aventurando na arte da aquarela. Pensei: "Que legal, talvez eu devesse comprar umas tintas!" A ideia de organizar o escritório se afastava cada vez mais.
Respirei fundo, me obriguei a focar. Estava quase começando quando notei a velha cadeira giratória, um pouco torta. "É perigoso isso, pode machucar a coluna." Corri para o YouTube, procurei vídeos de conserto de cadeiras. Uma hora depois, eu era um especialista em cadeiras giratórias, mas o escritório continuava o caos de sempre.
Então, decidi uma abordagem mais firme: abri o armário e comecei a tirar tudo de dentro. A intenção era boa, mas a execução foi um desastre. Em minutos, o chão estava coberto de papeis, cabos antigos, manuais de aparelhos que nem existiam mais. Parecia um museu do caos. Senti uma vontade inexplicável de fugir, mas como? Não podia deixar aquela bagunça pior do que já estava.
Com um suspiro derrotado, decidi que precisava de ajuda profissional. Sentei-me, fui pesquisar empresas de organização. Mas, enquanto lia os preços, uma sensação de culpa me bateu. "Eu mesmo posso fazer isso." Então, deixei o computador e me joguei no sofá. “Só cinco minutinhos de descanso e volto com tudo”, pensei.
Quando abri os olhos, o sol estava se pondo. O escritório continuava um campo de batalha, mas meu sofá parecia o lugar mais seguro do mundo. Suspirei, afundando ainda mais nas almofadas. De repente, minha esposa entrou na sala, olhou para o caos e depois para mim, levantando uma sobrancelha.
— E aí? O escritório está prontinho?
Eu me ajeitei, tentando parecer ocupado.
— Quase, quase! Só preciso de mais... um... pequeno ajuste...
Ela riu e se aproximou, pegando um papel do chão.
— O que é isso? — perguntou, mostrando um rascunho amassado.
Eu olhei e, de repente, lembrei: era o rascunho de um projeto que eu tinha deixado para depois, meses atrás. O trabalho que eu realmente precisava fazer. Ela olhou para mim, e naquele olhar havia um misto de divertimento e reprovação.
— Por que você não começa por isso?
Suspirei, me rendendo. E assim, com todos os papéis, cabos e bagunça ao redor, sentei-me no meio do caos e comecei a trabalhar. Porque, no fundo, procrastinar pode ser a arte de transformar um pequeno desafio numa montanha, mas, com um empurrãozinho, a gente sempre acaba escalando. Ou, pelo menos, tentando.
E, claro, o escritório? Bom, esse fica para outro dia. Afinal, sempre há uma desculpa perfeita esperando para ser usada.