Cavalo Paraguaio
Iniciei a gostar de troféus quando meus filhos passaram a ganhar os primeiros. O embrião foi o Troféu Rozendo Lima, Destaque Futsal 1992. Depois vieram na sequência: Destaque Futsal 1997; Troféu Goleiro menos vazado aspirantes 2003; Campeão da categoria Infanto Masculino de Futsal dos X Jogos Escolares Municipais de São José; Campeão dos Jogos Escolares do Colégio Elisa Andreoli; Vice-campeão da 4a Copa PREC (Paula Ramos Esporte Clube) de Futsal Infantil; Campeão e goleiro menos vazado da Copa Colombo/DC de Futsal do 7° Circuito Catarinense.
Ficava com inveja e com vontade de receber algum.
Pareço o Mutley, aquele personagem de desenho animado. Ele é um cachorro vira-lata, que tem como camarada um vilão grosseiro, incompetente, e terrivelmente propenso a acidentes denominado Dick Vigarista. Muttley serve como um ás da aviação na "Esquadrilha Abutre", ao lado de Dick e de outros dois pilotos. Nesta série ele ostenta muitas medalhas, das quais é particularmente afeiçoado, e constantemente exige novas de Dick por seguir suas ordens. A frase típica do personagem é: "Medalha! Medalha! Medalha!". Também em Máquinas Voadoras, Muttley ganhou a habilidade de voar por um curto período, girando sua cauda como se fosse uma hélice, habilidade frequentemente utilizada para salvar Dick Vigarista, quando este gritava: "Muttley faça alguma coisa!".
Paralelamente, Dick frequentemente arrancava medalhas do peito de Muttley como punição por sua incompetência.
Quando recebia uma nova medalha, Muttley abraçava-se feliz da vida, dava um salto no ar e descia leve como uma pena.
Eu já sonhei, não com medalhas e sim com troféu e pedia aos meus colegas, Troféu! Troféu! Troféu!
Sempre tem um mas, porém, todavia, contudo, senão, e o primeiro que recebi, diríamos que não foi uma taça como ela realmente parece e significa. É uma bota de bronze em miniatura e em seu pedestal a inscrição: Homenagem do Grupo de Amigos da Quinta ao jogador mais Palhaço do Ano. Não era o que esperava, mas já era o começo e o primeiro, seja lá o que for, a gente nunca esquece. Posteriormente começaram a pingar uns dos campeonatos de dominó, seis ao todo.
Foi instituído um troféu diferente nos torneios de dominó das quartas da turma do Panela Futebol e Dominó: Cavalo Paraguaio. No começo não me empolguei nem um tiquinho. Depois que vi a peça, passei a admirá-la e querer conquistar, porque apesar da gozação ela é bonita e digna de ser mostrada a quem me visitar e quiser ouvir minhas explicações. As regras foram colocadas em votação e todos aprovaram. A cada 5 semanas apura-se quem mais caiu na tabela de classificação e este pastoreia o pequeno animal pelas 5 semanas seguintes. E assim por diante até que algum desafortunado fique com o potrinho para sempre. Lutava com unhas e dentes, ou melhor, somente com as pedras que um dia foram de marfim. Nada de conquistar, pelo menos por uma vez para sair na foto, sorrindo, feliz por mais um objetivo alcançado. Passaram-se quase dois anos e o troféu foi em definitivo para outro participante que não era eu. Frustrado fiquei, mas não falei para ninguém.
Depois que se encerrou essa fase vieram com nova proposta para o Cavalo Paraguaio: o novo animal que no jogo do bicho leva o número onze, será um cavalinho de pau, o brinquedo clássico dentre as crianças, especialmente na primeira infância. É aquele objeto com uma cabeça de cavalo presa a um pedaço de madeira. Cada vez que algum “ganhar” o cavalo, terá que montar nele para a foto, além de ter que descer a rampa, indo até o carro, montado no animalzinho.
Esse castigo é bem pior que o anterior, que só tinha gozação e fotos. Desse eu corro igual o diabo dispara em sentido oposto da cruz. Tudo está previsto em nosso destino e não podemos traçá-lo a nosso bel prazer.
Estou descendo a ladeira e depois de velho, provavelmente cavalgarei um cavalo, feito de madeira e a turma em cima do morro a vaiar-me com toda força.
Aroldo Arão de Medeiros
22/04/2013