AUTODEFINIÇÃO

Certa vez, em um evento, uma pessoa pediu que eu me definisse, pensei por um instante, pois como poderia me definir? Pensei várias coisas, bonito, inteligente, safo, legal, mas nada disso era o que realmente eu queria dizer, então eu respondi apenas que eu não tenho limites.

O ato de uma pessoa se autodefinir é muito complexo, ninguém vai dizer que é rabugento, que tem manias, que não sabe fazer contas, que é chato quando toma umas e outras, aliás, nesse caso, todo mundo diz que bebe "socialmente", sei. É como aquelas pessoas que fazem regressão e voltam dizendo que foram, em outra vida, um faraó, um general do exército romano, um comandante de caravela, um rei, ninguém volta dizendo que foi um escravo, um faxineiro do palácio real ou o cocheiro, muito menos que foi o dono de uma taberna frequentada por ladrões e piratas da pior espécie, ou que foi o próprio ladrão, ou o pirata malvado.

Coisa chata esse negócio de pedirem para nos definir, depois, quando você vai falando a pessoa fica interrompendo e dizendo "não é isso que vejo...", "mas você é tão bom assim?", pô, se já está "vendo", então porque pergunta? E a pessoa que pede que você se defina, como ela se define? O que vejo é um chato, chateando quem está na dele, mas ele deve se achar o máximo. Como não?

Eu estou em definição, pronto, não sou H.D. ainda, mas também não sou analógico, estou no meio do caminho, minha resolução ainda é de poucos pixels, enfim, sigo definindo minha imagem, um dia me sinto foda, no outro a pior coisa do mundo e assim vivo em paz, com minhas caraminholas e sem limitações. E passe bem!

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 28/08/2024
Código do texto: T8138844
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