Entre o Caos e a Caverna

Olá, Trópico! Como vão?

Aproveitando as dívidas do feriado? Espero que quem pôde tenha descansado e, aos que não puderam, entendo perfeitamente — temos o mesmo sindicato.

Realidades distintas. Falemos um pouco sobre ela. Não da objetiva.

Uma pedra é uma pedra, dura e imóvel; todas as perspectivas levam a essa conclusão. Mas... e a realidade relativa? Aquela moldada pela diversificação cultural, religiosa. Aquela de caráter crônico, impregnada na estrutura social. Quão verdadeira ela se faz? Qual seria a verdade absoluta em nossa civilização?

Não acredito que a realidade da elite possa ser mais verdadeira do que a do cidadão comum — tampouco o contrário.

Não sei se me faço entender, mas não estou tratando daquilo que já sabemos. Não trato das lutas de classe, das desigualdades, mas, sim, de uma realidade que seria única para todos.

Objetividade. Penso. Não a alcanço.

Minhas limitações intelectuais não me permitem ir mais profundamente ao tema. Eu vejo essa realidade. Eu sinto sua essência. Eu a vejo, mas não a enxergo. Sei que consigo respirar, mas não sou capaz de fazê-lo.

É angustiante ver o rio passar e não conseguir alcançá-lo. Tentar tatear a verdade das coisas e não tocá-las, pois elas não são tangíveis.

A caverna de Platão. Os filtros sociais. Emoções. O ser. Ecos. Fragmentos. Sobreposições. Realidade rompida. Crise. Odeio ler e não entender.

Quase me arrependo de ter descido a montanha. Talvez o ermitão tivesse razão.

Falo para poucos. Os presentes não são aceitos.

E essa talvez seja a minha realidade objetiva. Diante de meus olhos. Reli este trecho e percebo que, quando uso “minha”, “meus”, caio em contradição ao afirmar objetividade na percepção. Os pronomes possessivos não me ajudam.

Essa objetividade tão “minha” não é o todo que busco compreender; afinal, ela é minha — meu vizinho jamais a fará dele. Costuro entre as ideias do caos que finge ser silencioso. Não alcanço. Desisto.

Tudo é o indivíduo. Talvez essa seja a realidade objetiva, a verdade absoluta: toda realidade é subjetiva. Ou tudo é sobre a pedra.

Sou burro demais para alcançar algo além disto.

Mas, mesmo com a minha desistência descarada, a questão ainda incomoda e coça. Não existe uma realidade subjetiva comum a todos? Ou a existência dela seria apenas uma mera contradição? Sei lá. Mas há quem ache a Terra plana. Século XXI.

Pausa para o café. Fui fechar as janelas. Por aqui, é sempre chuvoso nos domingos de Páscoa.

De volta ao texto. O li e o reli; nada. É, de fato, uma desistência.

Notei que talvez ele tenha se distanciado muito de uma crônica.

Enfim, me desculpem. Vamos de livro.

Hoje, recomendo O Mito da Caverna, de Platão — tentem não enlouquecer.

E, para acompanhar, The Dark Side of The Moon, da banda mais próxima de Deus: Pink Floyd.

Até nossa próxima percepção — ou não.

Leonardo Ramos

Leonardo Ramos de Almeida
Enviado por Leonardo Ramos de Almeida em 20/04/2025
Código do texto: T8313942
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