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Enquanto dormia,  penetrou naquilo que mais tarde a ciência pode vir a chamar "névoa do consciente". Ou seria “névoa do inconsciente?”  Seja qual for os conceitos que se dê a esse fenômeno, nenhum deles apresenta prova científica da existência em outra dimensão na qual, possa-se ir e voltar de modo instantâneo ou demoradamente, sem passar pela morte e ressurreição.  Assim, toda teoria da Experiência de Quase Morte ou fenômenos similares, ainda se abriga à sombra da especulação.

 

Tremeu.

 

O que  viu e vivenciou, era  muito real; o túnel afunilado   parecia não ter fim.

A pouca claridade vinda de uma luz distante, não lhe permitia ver o chão em que pisava.

 

Deu assim mesmo um passo no escuro.

Andou como que às apalpadelas e não sabe quanto tempo levou até alcançar um salão; nele uma nuvem de fumaça girava da direita para a esquerda e ao transpor aquele aparente obstáculo, estava em campo aberto.  Naquele ponto, viu o anjo das trevas cobrir a terra com sua sentença de morte. Viu vultos informes passando velozes como sombra fugindo da luz. 

 

Prestes a perder totalmente a consciência, ouviu o tinir de espadas da corte celeste, em luta contra as forças do mal.   De repente, uma chuva de estrelas cadentes criava imagens muitas vezes mais intensas do que qualquer espetáculo pirotécnico produzido pelo homem.

 

Espasmos indescritíveis fizeram estremecer aquele corpinho frágil,  e a menina sentiu a sensação de que flutuava a muitos palmos acima do solo.   Estava cercada por seres celestes luminosos, que tinham a aparência e a forma humana. E num piscar de olhos, ela alçou voos arrojados, visitou asteroides habitados por seres espirituais que entoavam cânticos ao Criador. E só depois de muitas horas, depois de muitas horas, acordou.

 

Adalberto Lima

Imagem: Freepik.