SAUDADE, UM SENTIMENTO DO BEM
Momentos difíceis fazem parte da trajetória natural das pessoas, quem nunca passou por isso deve viver literalmente no mundo da lua. Por outro lado, é justamente nesse período que se encontra uma oportunidade de crescer diante da adversidade, que momentaneamente te envolve num clima de nuvens cinza chumbo, alertando que uma tormenta se aproxima, com direito a tudo, vento fazendo barulho e balançando tudo a sua volta, queda na temperatura, raios cortando o céu acompanhado de estrondosas trovoadas, para finalmente descer a chuva torrencial.
Todo mundo sabe que essa crise vai passar, a dúvida fica por conta do tempo de duração e também até que ponto efetivamente conseguirá resistir à forte pressão, não são poucos, casos que desataram em depressão ou outra comorbidade do tipo silenciosa, que faz uma baderna danada na saúde dessa fragilizada vítima.
Em situações de incertezas como essas, a mão amiga não só pode, como deve intervir, dando aquele suporte, que apenas pessoas habilmente selecionadas no universo de convivências se encontram efetivamente preparadas para afastar essa espécie de frente fria, que estacionou sobre a vítima, gerando grave processo de perdas e danos.
A cartilha de boas maneiras define preceitos básicos de ação para minimizar esse momento sombrio, preconizando presença física, ou mesmo virtual, para se constituir numa espécie elixir de auxílio ao trato da moléstia.
A escuta atenciosa permitirá uma reflexão mais tranquila dos fatos que conseguiram lhe tirar do eixo. Nesse momento, tudo deve ser relativizado, afinal essa experiência precisa ser vivenciada, e claro, sua cicatrização vai exigir um tempo não mensurável.
Por incrível que possa parecer , o silêncio pode ser uma atitude pró ativa, permitindo que a verbalização ajude no processo de expulsão de tudo que a vítima engoliu, e não conseguiu digerir naturalmente, precisando de uma oportunidade para se livrar dessa ingestão tóxica.
Fazer um esforço para tirar o amigo de casa, seja para caminhar sem destino definido, mas que termine numa cafeteria com ambiente acolhedor e quitutes especiais, ou quem sabe fazer uma refeição em algum restaurante especial.
Nessa altura, vale lembrar bons momentos compartilhados, pois ajudarão na recuperação da autoestima, primeiro passo para um discreto retorno à realidade.
Por outro lado, ao sentir que a evolução do problema não demonstra mudanças, vale sugerir apoio profissional, sem imposição de exigências.
Estar atento ao comportamento mais recente do amigo, e assim retomar essa relação, que deu frutos ao longo da trajetória de tantos acontecimentos marcantes, que se sucederam, e não interferiram na amizade.
A aproximação de algumas datas marcantes sempre traz de volta essa sensação de desconforto, que ainda guarda preferencialmente boas experiências vivenciadas com alegria extensiva às famílias.
Depois de muito pensar, encaro essa situação como aquelas que vivenciamos nas partidas, que nesse caso, são mesmo irreversíveis, mas que felizmente deixam gravadas apenas boas lembranças na parede da memória.