A Força Invisível dos Sentimentos Escritos
A força invisível dos sentimentos escritos
Era uma tarde de sol morno quando percebi que, ao longo dos anos, eu tinha acumulado uma coleção secreta. Não eram livros, nem objetos pessoais empoeirados, mas páginas repletas de sentimentos que se transformaram em palavras. Um diário mudo, guardião dos meus suspiros, amores e anseios.
Quando eu era adolescente, a vida parecia um turbilhão de emoções que borbulhavam em meu peito. Às vezes, bastava um olhar, um gesto ou um aroma para despertar uma tempestade interior. Foi então que comecei a escrever. My pen se tornou minha confidente, a única capaz de decifrar as embaraçadas emoções que dançavam em mim como folhas ao vento.
Minhas palavras eram um abrigo. Quando a felicidade explodia em meu coração, eu corria para registrar aquele momento efêmero. Ao narrar a alegria, sentia uma espécie de poder. No entanto, o lado oposto destas emoções também me cercava. A dor, a insegurança e os medos frequentemente se transformavam em versos tristes, sombrios, mas que de alguma forma, traziam alívio. Cada desabafo era uma muralha contra o lamento do silêncio.
Certa vez, ao abrir meu caderno, me deparei com um relato que falava sobre um amor não correspondido. Os sentimentos estavam ali, vivos, vibrantes, cada letra era uma peça daquela dolorosa história. Fiquei sem fôlego por um instante, mas ao lê-lo, percebi que aquele amor, embora não tivesse ressoado no mundo, ainda assim me tornava quem sou. E a cada leitura, renovava não apenas minha dor, mas uma força que antes eu não sabia que tinha.
Os sentimentos escritos me ensinaram que a vulnerabilidade é uma forma de resistência. Eu não estava apenas registrando a vida; eu estava a moldando. As lágrimas que mancharam as páginas não eram fraqueza, mas poder em sua essência mais pura. Lidar com a melancolia através das palavras transformava o lamento em possibilidade, e as alegrias, em memórias eternas.
Lembro de um dia especial, em que decidi compartilhar alguns dos meus escritos com amigos. Com a confiança de quem cresceu nas palavras e contos de fadas, expus minha alma a eles. E o que parecia um risco tornou-se uma revelação: os sentimentos não só me fortaleceram como também construíram pontes entre nós. Assim, percebi que a força que reside nos escritos não é só minha; ela transcende, conecta, e humaniza.
Agora, mais do que nunca, sei que meus sentimentos são minha verdadeira força. As palavras escritas me permitem navegar por esse mar de emoções com mais clareza e sabedoria. Gosto de acreditar que, quando alguém lê o que escrevi, não está apenas consumindo frases, mas se sentindo um pouco menos sozinho. É a magia dos sentimentos escritos; eles ecoam e criam uma rede invisível de empatia, onde cada um de nós encontra um pedaço do outro.
Assim, com um sorriso no rosto e o coração leve, sigo escrevendo. Porque a força dos sentimentos que habita em mim encontra seu mais poderoso refúgio nas palavras. E quando essas palavras dançam no papel, tornam-se minha verdadeira armadura, meu abrigo, e minha conexão com o mundo.
EscritoraVeraSalbego