Movimento
A gente se apega tanto... Mas quando envelhecemos é melhor não se apegar a nada. Não se fixar. Porque nessa fase toda mudança é muito sentida. O espelho grita, o silêncio dói, a falta cria um buraco.
Melhor se desapegar... Soltar e soltar-se. Deixar as coisas em seus lugares, ali na esteira do tempo. Se as velocidades delas forem diferentes da sua, deixe que fiquem para trás ou que avancem à sua frente. Veja-as sumindo no horizonte ou ficando pequeninas no retrovisor... Não desvie o olhar. Ah, isso não, nunca! Acompanhe esse movimento. Tome consciência deste movimento. Admire-o. Assim, vá desapegando com o olhar, vá desapegando com o coração.
Por exemplo, vá substituindo aos poucos, o sentimento de ter sido tratado com indiferença, pelo alento da gratidão. Com o exercício, vamos entendendo que não existe nem o bem nem o mal, só o estado das coisas. E as coisas são como elas são.
Não existe presença, nem falta. Só expectativa. E expectativa é ilusão...
Acreditar em algo que não existe efetivamente pode nos fazer sofrer de ansiedade, de frustração, de raiva além de nos dar a sensação de que o tempo passa mais devagar.
Não podemos segurar o tempo entre os dedos, ele flui como fluímos. E talvez seja mais sábio, não tentar represar o tempo, pois semelhante à água estagnada, ensimesmados, daremos espaço para criarmos sentimentos mesquinhos e danosos. Assim morreremos sem permitir que dancemos o maravilhoso movimento da vida.
Já se movimentou hoje?