Amanhecer no Mar

Amanhecer no Mar

O sol ainda estava escondido, tímido, por trás do horizonte. O céu, um manto de azul profundo, ia aos poucos se adornando com pinceladas de rosa e laranja, como se algum artista inspirado estivesse preparando uma obra-prima. As ondas, serenas e tranquilas, fragmentavam-se em espuma ao tocar a areia fria, compondo uma sinfonia suave que parecia sussurrar segredos do mar.

Caminhei pela orla, sentindo a brisa fresca na pele e o cheiro salgado do oceano. Cada passo era um convite à contemplação, à conexão com aquele imenso corpo d’água que, mesmo durante as horas mais escuras da noite, pulsava com vida. As gaivotas começaram a aparecer, espreitando a superfície em busca de um café da manhã, e com seus gritos alegres, pareciam celebrar a chegada de um novo dia.

Logo, a linha do horizonte começou a se iluminar, um espetáculo que poucos se dão ao trabalho de apreciar. As nuvens, ao serem banhadas pela luz do sol nascente, transformaram-se em algodões coloridos, muitas vezes esquecidos por aqueles que correm apressados, sem tempo para notar a beleza efêmera do instante. O mar, agora mais vibrante, refletia as cores do céu, criando um espelho que dançava com cada leve movimento das águas.

Nesse cenário, a vida aos poucos despertava. Pescadores, como sombras furtivas, lançavam suas redes, esperança aninhada no coração enquanto suas mãos calejadas manipulavam os fios com destreza. A cidade, ainda adormecida, parecia guardar um segredo: a certeza de que a vida recomeça a cada amanhecer, como um ciclo interminável de renovação e oportunidades.

Sentado na areia, observei um pequeno grupo de crianças correndo felizes, as risadas ecoando pelo ar ainda fresco. Elas se atiravam nas ondas mornas, sem preocupação, como se soubessem intuitivamente que a verdadeira beleza da vida estava naquela simplicidade. Cada onda que quebrava, cada gota de água que se espalhava, trazia com si a promessa de novos começos.

O sol finalmente emergiu, um disco dourado que abraçou o planeta com sua luz. O calor começou a se espalhar, deixando para trás o frescor da madrugada. O mar, agora envolto em uma vestimenta brilhante, atraía olhares de todos os lados. Lembrava que, na vastidão de suas águas, estava a resposta para as perguntas que nos fazíamos ao longo da noite. E assim, a cidade despertava, preguiçosa, mas cheia de vida.

Um novo dia havia começado e, com ele, as histórias que ainda estavam por ser contadas. Cada amanhecer no mar é uma nova página em branco, pronta para ser preenchida pelas experiências daquelas almas que têm a sorte de parar e admirar a dança do sol com as ondas. Que sempre saibamos encontrar um momento para contemplar a beleza do amanhecer, pois é nesse primeiro instante que a vida se revela em toda sua plenitude.

EscritoraVeraSalbego